No dia 31 de março, Domingo de Páscoa para a Igreja, o patriarca ecumênico Bartolomeu, da Igreja Ortodoxa, pediu que a partir de 2025 fosse estabelecido um dia comum a todas as denominações cristãs para celebrar a Páscoa.

A Páscoa é celebrada no primeiro domingo depois da primeira lua nova depois do equinócio ou no dia do equinócio. O equinócio ocorre no dia 21 de março. Os ortodoxos e os católicos de rito bizantino são regidos pelo calendário juliano, que tem origem na reforma estabelecida pelo imperador Júlio César em 46 a.C., e que estabeleceu um novo calendário para o Império Romano.

Este calendário vigorou na maior parte da Europa e nas províncias ultramarinas europeias até a nova reforma promulgada em 1582 pelo papa Gregório XIII, que estabeleceu um novo calendário (chamado "Gregoriano") para substituir o juliano, e que agora é comum uso em grande parte do mundo.

O calendário juliano tem cerca de 11 minutos a menos do que o gregoriano, o que acumula um dia de diferença a cada 128 anos.

Por causa disso, a Igreja Ortodoxa costuma celebrar a Páscoa em um dia diferente porque o dia do equinócio ficou defasado no calendário juliano. Este ano, a Páscoa Ortodoxa é comemorada no domingo, 5 de maio. Porém, em 2025 o dia coincidirá: será domingo, 20 de abril, para todos os cristãos.

“Peçamos ao Senhor que a celebração comum da Páscoa que teremos no próximo ano não seja uma feliz coincidência, um acontecimento fortuito, mas o início do estabelecimento de uma data comum para o cristianismo ocidental, em vista dos 1700 anos, em 2025, da convocação do primeiro Concílio Ecumênico de Nicéia, que entre outras coisas também abordou a questão da regulamentação do tempo da celebração da Páscoa”, disse Bartolomeu.

O patriarca ortodoxo também disse que “há boa vontade e disposição” entre ambas as Igrejas e que o fato de os cristãos celebrarem a Ressurreição do Senhor em dias separados “é um escândalo”.

Da igreja de Agioi Theodoros, em Istambul, Turquia, ele expressou seus bons votos a todos os cristãos do mundo que celebram o mistério pascal: “Uma cordial saudação de amor a todos os cristãos de toda a terra que celebram hoje a Santa Páscoa”, disse.

O papa Francisco também falou ao longo do seu pontificado sobre a necessidade de unificar a celebração da Páscoa para todos os cristãos. Já em 2022, Francisco falou da importância de 2025 e apelou à coragem para procurar uma data comum:

“Portanto, tenhamos a coragem de acabar com esta divisão, que às vezes nos faz rir... ‘O seu Cristo quando ressuscita? O seu Cristo quando ressuscita?’ Não. O sinal é um só Cristo para todos nós”, disse.

Para o papa Francisco, isso significaria “a realização da unidade de nossas Igrejas, uma unidade que não é nem absorção nem fusão, mas comunhão fraterna na verdade e no amor”.