O papa Francisco continuou na Audiência Geral de hoje (3) com o seu ciclo de catequeses sobre as virtudes. Ele falou sobre como deve ser uma pessoa justa e por que a justiça é tão necessária em nossa sociedade.

Segundo o papa, a justiça “é a virtude por excelência” e também a do direito, “que procura regular as relações entre as pessoas com equidade”.

Lembrou que esta virtude costuma ser representada pela balança, pois seu objetivo é “acertar as contas entre os homens, sobretudo quando elas correm o risco de ser falsificadas por algum desequilíbrio”.

“A sua finalidade é que, numa sociedade, cada um seja tratado de acordo com a própria dignidade”, disse o papa, especificando outras atitudes virtuosas dos justos: a benevolência, o respeito, a gratidão, a afabilidade e a honestidade.

Nessa linha, afirmou que “todos nós compreendemos que a justiça é fundamental para a convivência pacífica na sociedade: um mundo sem leis que respeitem os direitos seria um mundo no qual é impossível viver; assemelhar-se-ia a uma selva”.

“Sem justiça, não há paz. Com efeito, se a justiça não for respeitada, geram-se conflitos. Sem justiça, consagra-se a lei da prevaricação do forte sobre os fracos, e isto não é justo!”, disse o papa Francisco.

"Distingue a nossa vida diária"

Para o papa, a justiça “não diz respeito apenas às salas dos tribunais, mas também à ética que distingue a nossa vida diária".

Francisco disse que a justiça "estabelece relações sinceras com os outros" e ressaltou que "as meias-verdades, os discursos subjetivos que procuram enganar o próximo, as reticências que ocultam as verdadeiras intenções não são atitudes conformes com a justiça".

“O homem justo é reto, simples e direto, não usa máscaras, apresenta-se como é, diz a verdade. A palavra “obrigado” está frequentemente nos seus lábios: sabe que, por mais que nos esforcemos por ser generosos, somos sempre devedores para com o próximo. Se amamos, é também porque primeiro fomos amados”.

Segundo Francisco, “o homem justo tem veneração pelas leis e respeita-as, consciente de que elas constituem uma barreira que protege os indefesos da prepotência dos poderosos”.

“O homem justo não se preocupa apenas com o seu bem-estar individual, mas deseja o bem de toda a sociedade. Por isso, não cede à tentação de pensar só em si mesmo e de cuidar dos próprios assuntos, por mais legítimos que sejam, como se fossem a única coisa que existe no mundo”.

“A virtude da justiça torna evidente - e coloca a exigência no coração - que para mim não pode haver verdadeiro bem, se não houver também o bem de todos”, disse.

“O homem justo vela sobre o próprio comportamento para não lesar os outros: quando erra, pede desculpa”, continuou ele.

Para o papa Francisco, o justo “deseja uma sociedade ordenada, onde sejam as pessoas a dar brilho aos cargos, não os cargos a dar brilho às pessoas.”.

“Abomina as preferências e não troca favores. Ama a responsabilidade e é exemplar na vida e na promoção da legalidade. Com efeito, ela é o caminho para a justiça, o antídoto contra a corrupção”, continuou.

Ele acrescentou que “o homem justo evita comportamentos nocivos como a calúnia, o falso testemunho, a fraude, a usura, a falsidade e a desonestidade. O homem justo mantém a palavra dada, devolve o que lhe foi emprestado, reconhece o salário correto a todos os operários”.

Por fim, disse que “são homens que atraem a graça e as bênçãos, tanto para si como para o mundo em que vivem”.

“Os justos não são moralistas que se revestem de censores, mas pessoas íntegras que ‘têm fome e sede de justiça’ (Mt 5, 6), sonhadores que acalentam no coração o desejo de uma fraternidade universal. E deste sonho, especialmente hoje, todos nós temos grande necessidade. Devemos ser homens e mulheres justos, e é isto que nos tornará felizes!”, concluiu o papa Francisco.