“Desde o Concílio Vaticano II, a Igreja já não entra em conflito com a modernidade, mas faz missão respeitando a liberdade religiosa e o pluralismo religioso”, disse o cardeal Marc Ouellet em palestra que proferiu no campus Ipiranga da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), na última segunda-feira (11). 

O canadense Ouellet, ex-prefeito do dicastério para os Bispos, esteve em São Paulo (SP) para o lançamento do livro Por uma Teologia Fundamental do Sacerdócio. O evento, que contou com a participação do arcebispo de São Paulo (SP), dom Odilo cardeal Scherer, faz parte da comemoração dos 75 anos da Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção, na PUC-SP.

Falando sobre “O sacerdócio batismal e a complementaridade da vocação matrimonial e da vida consagrada com o sacerdócio fundamental”, tema da palestra, Ouellet disse que é preciso pensar uma “teologia do sacerdócio” na qual o sacerdote esteja mais próximo do povo para “compreender melhor suas necessidades”.

Para o cardeal, a cultura do encontro defendida pelo papa Francisco visa levar o Evangelho aos não-católicos, sem deixar de anunciar que a verdade apenas é encontrada na Igreja Católica.


“É preciso combater um crescente desinteresse pelos sacramentos no Ocidente, especialmente pelo batismo, pela confissão, pela eucaristia e pelo sacramento da ordem, para que o cenário da Igreja na América Latina não fique igual ao da Europa”, destacou o cardeal Ouellet na palestra.

O cardeal se referia à baixa frequência dos católicos aos sacramentos, especialmente à missa semanal. O Brasil como um todo, porém, já tem, segundo pesquisa feita em 34 países no ano passado, frequência à missa dominical obrigatória de 8%, menor do que a dos católicos da França.

Na arquidiocese de São Paulo, a situação ainda é pior. O sínodo arquidiocesano encerrado em 2023 revelou que a taxa de católicos que vão à missa de domingo é de cerca de 6%.