O padre Jorge Luis Pérez Soto, pároco de São Francisco de Paula, em Havana, Cuba, disse que foi impedido de dar a unção dos enfermos a um paciente na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do hospital Manuel Fajardo, na capital cubana.

"Acabo de sair do Hospital Manuel Fajardo. Os familiares de um paciente grave, que está na UTI de lá, me pediram o sacramento da unção para seu ente querido. A entrada me foi negada porque é proibido", disse o padre em uma publicação em sua conta do Facebook no dia 7 de março. "Não diz respeito à liberdade religiosa a possibilidade de os familiares solicitarem os sacramentos da fé para seus doentes moribundos e que estes possam ser espiritual e adequadamente acompanhados por um ministro da Igreja?"

O padre Pérez Soto contou que não havia sido "maltratado além da negação de um direito" e comentou que entendia "a gravidade do cuidado que os doentes merecem". No entanto, lembrou que há "maneiras de entrar ou sair de um lugar como esse de forma adequada. Caso contrário, veja o estudante de medicina que saiu bem na minha frente".

O padre cubano também destacou "a gravidade da decisão de negar auxílio espiritual a uma pessoa que provavelmente está em um estado final. Não é a primeira vez que isso acontece comigo. Também me foi autorizado em outras ocasiões”.

“Então, é algo institucional ou pessoal?”, questionou.

"Enquanto isso, uma pessoa doente, que é mais do que um corpo a ser tratado porque tem uma alma imortal da qual cuidar, luta nos finais desta existência terrena. Deus é misericordioso. Ele mesmo o ajudará. Que ele também se digne a ajudar com sua misericórdia aqueles que violam seus direitos religiosos nesta hora", concluiu o padre.

O padre Jorge Luis Pérez Soto também denunciou uma situação em que membros do governo limitaram sua liberdade religiosa.

Em fevereiro de 2022, segundo CiberCuba, ele foi proibido de entrar na Universidade de Havana para um evento com o cardeal Beniamino Stella, enviado do papa Francisco, apesar de ter sido convidado. "Fui excluído da lista por outras pessoas", disse na época.

Em uma homilia em 2020, o padre disse que, "quando um governante não está disposto a renunciar, a sair do caminho, ele é um tirano" e que "nenhum César é colocado por Deus neste mundo. A autoridade política não está acima do povo".

Em janeiro deste ano, o Departamento de Estado dos EUA incluiu Cuba e Nicarágua na "lista negra" de países em relação à liberdade religiosa. Os outros países são Myanmar, China, Coreia do Norte, Eritreia, Irã, Paquistão, Rússia, Arábia Saudita, Tajiquistão e Turcomenistão.