Os eleitores na Irlanda parecem ter votado a favor de preservar o reconhecimento constitucional do papel central da família tradicional fundada no casamento, bem como do valor social das mulheres dentro do lar, rejeitando emendas em referendos que ocorreram na sexta-feira (8), reconheceram no sábado (9) os líderes do governo favoráveis às consultas cidadãs.

“Parece um voto negativo tanto no referendo da família com no dos cuidados”, disse o líder do Partido Verde, Eamon Ryan, à RTE News no sábado. "A primeira coisa a dizer é que respeitamos isso. É a voz do povo, e, na nossa constituição, é o povo que é soberano".

“São eles que decidem o que entra em nossa constituição”, disse Ryan. Os resultados oficiais ainda não foram divulgados.

A "Emenda da Família" visava remover um artigo da Constituição da Irlanda, que remonta a 1937, sobre a importância do casamento e da família para a sociedade e teria redefinido legalmente a "família" como "fundada no casamento ou em outras relações duradouras".

A proposta da “Emenda de Cuidados” queria eliminado o artigo 41.2 da constituição que diz que o “Estado reconhece que, com a sua vida em casa, as mulheres proporcionam ao Estado um apoio sem o qual o bem comum não pode ser alcançado”.

Os principais partidos políticos da Irlanda e outros grupos influentes apoiaram fortemente a bem financiada iniciativa do referendo, enquanto alguns grupos conservadores e a Conferência Episcopal da Irlanda exortaram a votar “Não” em ambos os referendos.

“Esta decisão do eleitorado irlandês envia uma mensagem poderosa sobre a importância de preservar os valores fundamentais face às mudanças sociais radicais”, disse o Family Solidarity, um grupo de defesa conservador irlandês que se opôs às mudanças constitucionais de linguagem, num comunicado publicado no sábado (9).

"Esta vitória não é apenas uma rejeição de uma proposta específica de referendo; é uma declaração do povo da Irlanda de que a unidade central da sociedade – a família baseada no casamento – deve continuar a ser protegida e valorizada. Sublinha um desejo coletivo de manter a integridade dos valores sociais que há muito são a base da nossa nação".

Os críticos das emendas alertaram que o projeto de reforma, votado no Dia Internacional da Mulher, ironicamente apagou termos como "mulheres" e "mãe" da constituição, ao mesmo tempo que causou confusão sobre o significado por detrás de uma "relação duradoura".

A "Emenda de Cuidados" também era para remover um artigo da Constituição irlandesa que diz: "o Estado deve, portanto, esforçar-se para garantir que as mães não sejam forçadas, por necessidade econômica, a dedicar-se ao trabalho negligenciando os seus deveres em casa".

“O povo da Irlanda falou e deu uma surra neste governo e nos partidos da oposição”, publicou a senadora irlandesa independente, Sharon Keogan, na rede social X. “As mulheres não querem ser reduzidas a uma linguagem sem gênero”, disse ela. "Eu, por exemplo, não via a eliminação das palavras 'mulher' ou 'mãe' como algo digno de progresso. Felizmente, este país concordou."