Em 2030, a Noruega celebra mil anos da morte de santo Olavo (Olav em Norueguês), mártir e rei da Noruega (995–1030). Em preparação para esse grande jubileu nacional, a Igreja Católica na Noruega organiza comemorações em todo o país. O jubileu terá particular importância na prelazia de Trondheim, onde Olavo foi martirizado, em Stiklestad.

Olaf Haraldsson, ou rei Olavo II da Noruega, é celebrado pela Igreja em 29 de julho. Figura de destaque na história da Noruega, ele é lembrado como um monarca que tentou unificar o país e que contribuiu para levar a fé católica à Noruega.

Segundo o site oficial da Igreja Católica na Noruega, Olavo era filho do rei Harald Grenske, um rei local em Vestfold. Harald era um homem violento e infiel que Olavo não conheceu. Olavo também era descendente de Harald Belo Cabelo (850–933), primeiro rei da Noruega e herói das sagas islandesas, ciclo de histórias sobre a instalação dos nórdicos na Islândia.

Seguindo os passos de seu pai, Olavo embarcou em ataques vikings ao durante sua adolescência. Ele participou de ataques às costas do mar Báltico, à Inglaterra, e até à costa da Espanha. Enquanto se preparava para entrar no Mediterrâneo, Olavo teve um sonho em que um homem lhe dizia “para abandonar o seu plano” e “voltar para a Noruega”, onde “será rei para sempre”.

Em 1013, ele navegou para Rouen, na Normandia, território no noroeste da França que havia sido concedido aos vikings para que eles parassem de atacar a França e ajudassem a defender Paris. O nome Normandia vem da palavra escandinava para “homens do norte”. Olavo passou o inverno como convidado do duque Ricardo II da Normandia. Lá ele descobriu a fé cristã e foi batizado. Durante seu reinado, Olavo inspirou-se no imperador Carlos Magno.

Quando Olavo retornou à Noruega, encontrou um território dividido política e religiosamente entre dinamarqueses, suecos, os condes de Lade e os governantes das aldeias locais e dos pequenos reinos.

Em uma série de batalhas, Olavo tomou posse da terra e foi lentamente reconhecido como rei até se impor sobre toda a Noruega. Na tentativa de estabelecer relações com a Suécia, ele também se casou com a filha do rei sueco.

Uma vez no trono, Olavo empregou todas as suas forças para cristianizar o país, segundo relatos da Igreja na Noruega. Além de construir igrejas, ele estabeleceu “a lei cristã”. Inspirada nos mandamentos bíblicos, esta lei prescrevia que os escravos fossem libertados todos os anos, proibia a poligamia e a carne às sextas-feiras e impunha penas para o estupro e o rapto de mulheres.

Olavo Haraldsson é descrito como um “rei zeloso pela lei cristã”, o que não agradou a alguns dos clãs no poder. Sua intransigência criou inimigos, o que levou à sua morte.

Confrontado com uma rebelião de agricultores, o rei Olavo foi obrigado a lutar, encontrando a morte em Stiklestad, em Trondheim, em 29 de julho de 1030.

“Quando o rei foi ferido, ele se apoiou em uma pedra e jogou fora sua espada, pedindo a Deus que o ajudasse”, conta a história.

Logo após a morte do rei, o tom mudou entre seus inimigos.

“Naquele inverno, muitos em Trondheim começaram a dizer que o rei Olavo era verdadeiramente um homem santo e que muitas maravilhas aconteceram por causa de sua santidade. Muitos começaram a rezar ao rei Olavo”, diz o site.

Um ano depois, Olavo foi proclamado santo e mártir. Seu corpo foi exumado e encontrado intacto, com cheiro de rosas.

O chamado do bispo Varden

Stiklestad, onde santo Olavo morreu, é hoje um importante memorial e local de peregrinação. Uma capela foi construída em uma colina no meio do local, na prelazia de Trondheim.

“Por seu trabalho como legislador, ele nos mostra que uma comunidade cristã deve ser governada por princípios universais de justiça. Por sua coragem diante da resistência, ele nos mostra que vale a pena morrer por algumas coisas”, disse o bispo de Trondheim, dom Erik Varden, à CNA, agência em inglês do grupo EWTN, sobre o legado do rei.

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“Para os católicos na Noruega, santo Olavo representa uma vida cristã com propósito. Ele nos mostra que a graça funciona lenta mas seguramente; que nos convida a fazer escolhas radicais; que uma vida vivida ao serviço do Evangelho traz liberdade e florescimento, mas não necessariamente sucesso. Afinal, ele morreu como mártir”, acrescenta.

Em missa solene na festa de santo Olavo em Nidarosdomen no verão passado, Varden observou na sua homilia que no momento do martírio de Olavo, “as pessoas vieram em massa para rezar diante dos restos mortais de Olavo. Eles encontraram conforto e cura.” E isso ainda acontece hoje. “Temos entre nós alguns que foram curados de doenças graves depois de orarem diante das relíquias de santo Olavo”, disse o bispo.

Varden disse à CNA que os preparativos para o jubileu começaram cedo porque “grandes coisas levam tempo”.

“Desejamos aproveitar este tempo de graça para nos tornarmos mais conscientes do legado que nos foi confiado através da Igreja e assumir a responsabilidade por ele num compromisso de conversão, para que as nossas vidas possam ser credivelmente católicas e cristãs”, explicou Varden.

Quanto ao número de peregrinos esperados para o evento de 2030, num país onde os católicos representam cerca de 3% da população, o bispo observou que “na Idade Média, as pessoas afluíam ao túmulo de Santo Olavo de toda a Europa. Vemos um ressurgimento desta tradição de peregrinação.”

A preparação no caminho

Tendo em vista o jubileu, a prelazia de Trondheim vai lançar uma iniciativa chamada Mission2030 no dia 13 de abril deste ano na catedral de Santo Olavo, em Trondheim. Coordenada pela EWTN Noruega, a conferência inaugural vai refletir sobre “o significado de 'missão' no ano de Nosso Senhor 2024”.

Segundo o site oficial, uma conferência semelhante – com painel de discussão, missa, Liturgia das Horas e exposições – vai acontecer a cada primavera nos anos que antecedem 2030. Os tópicos nos próximos anos incluem “São João Paulo II e o Chamado à Nova Evangelização”, “Fé Cristã e Ação Caritativa”, “Literatura e Boas Novas”, “Pregação através da Beleza”, “Seguir um Chamado” e “Vida e Fé Segundo as Escrituras”.

Como santo Olavo morreu em uma quarta-feira, a partir da quarta-feira após a festa de santo Olavo de 29 de julho a 31 de julho deste ano, a prelazia vai celebrar missas regulares às quartas-feiras na capela de Stiklestad.

O logotipo oficial do jubileu, pintado com vermelho, branco e azul, as cores nacionais da Noruega, representa o machado com o qual Olavo foi morto, o orbe, a coroa real e uma gota d'água em referência a mil anos da cristianização da Noruega.