“Com muita alegria, comunicamos que foi entregue o processo de beatificação/canonização do Servo de Deus dom Inocêncio Lopez Santamaria ao Dicastério para Causa dos Santos” da Santa Sé, informou na sexta-feira (16) o postulador-geral da Ordem dos Padres Mercedários, frei Reginaldo Roberto Luiz. Dom Inocêncio foi bispo da então prelazia de Bom Jesus de Gurgueia (PI). Morreu em 1958, com fama de santidade, e foi enterrado na catedral de São Raimundo Nonato (PI).

Dom Inocêncio López Santamaria nasceu em 28 de dezembro de 1874, na aldeia de Sotovellanos, província de Burgos, Espanha. Aos 15 anos, entrou para o seminário da Ordem de Nossa Senhora das Mercês, no convento de Poyo, na Galícia. Foi ordenado padre aos 22 anos.

Foi vigário provincial e superior do convento de Madri e também foi mestre geral da Ordem de Nossa Senhora das Mercês, tendo vivido 11 anos em Roma, Itália.

Em 1930, foi nomeado bispo da prelazia de Bom Jesus de Gurgueia (PI), onde atuavam os missionários mercedários. Foi ordenado bispo em 31 de agosto de 1930, festa do mártir mercedário são Raimundo Nonato, de quem era devoto. Chegou ao interior do Piauí em janeiro de 1931, após 12 dias a cavalo vindo da Bahia. Pela precariedade das estradas, não pôde chegar à cidade de Bom Jesus do Gurgueia e, por isso, ficou em São Raimundo Nonato, onde tomou posse em 22 de janeiro daquele ano.

Dom Inocêncio teve como uma de suas grandes preocupações a formação de um clero autóctone. Também foi o co-fundador da Congregação das Irmãs Mercedárias Missionárias do Brasil.

Segundo o Regional Nordeste 4 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Inocêncio tinha como característica marcante o fato de acreditar na superação da pobreza através da educação. Ele construiu mais de 28 escolas somente na zona rural de São Raimundo Nonato e trazia professores para dar aula de latim, francês e música para a população pobre.

Testemunhos contam que o bispo costumava colocar dinheiro em um envelope e pedia para alguém colocar debaixo da porta de famílias que passavam fome. Além disso, diz o site do Regional Nordeste 4, “com sua persistência e ajuda financeira de campanhas, foram construídas mais de 700 km de estradas, escolas em áreas rurais, poços, açudes e capelas entre 1931 a 1958”.

Dom Inocêncio morreu em 9 de março de 1958, no Hospital Espanhol de Salvador (BA), de câncer no fígado. Seu velório durou cinco dias e seu corpo passou por cidades da Bahia, Pernambuco até chegar a São Raimundo Nonato, onde foi enterrado no altar mor da catedral em 14 de março.

Anos mais tarde, a prelazia de Bom Jesus do Gurgueia foi desmembrada e deu origem às prelazias – e posteriormente dioceses – de Bom Jesus do Gurgueia e de São Raimundo Nonato.

A abertura do inquérito diocesano para a causa de beatificação e canonização de dom Inocêncio López Santamaria aconteceu em 20 de dezembro de 2016, na diocese de São Raimundo Nonato. Em 7 de fevereiro de 2017, aconteceu o reconhecimento canônico dos restos mortais do servo de Deus, que foram retirados do sepulcro e colocados numa urna, depositada no sarcófago próximo ao presbitério. O encerramento da fase diocesana aconteceu em 19 de dezembro de 2023, na catedral de São Raimundo Nonato.

A investigação reúne mais de 7 mil páginas com milhares de documentos comprobatórios, laudos, pareceres e testemunhos sobre a vida de dom Inocêncio.

“Uma grande alegria encheu os corações de todos os diocesanos de São Raimundo Nonato”, disse o bispo de São Raimundo Nonato, dom Ronilton Souza de Araújo sobre a entrega do processo ao Dicastério para a Causa dos Santos.

“Continuemos rezando para que, o quanto antes, este processo possa avançar ainda mais. Muito em breve teremos a graça e a imensa satisfação de ter dom Inocêncio como beato. Um grande homem que mereceu o reconhecimento da Igreja pelas suas inúmeras virtudes, pelos seus valores, sendo um modelo e uma referência de santidade para todos nós”, acrescentou.