Numa audiência no Vaticano com membros do movimento francês “a Diaconia da Beleza”, o papa Francisco refletiu sobre a importância de procurar a verdade e a beleza num mundo marcado por guerras e crises sociais.

“A Diaconia da Beleza” é um movimento que foi criado em 2012 para “colocar o sagrado de volta no centro da arte” e com o objetivo de que os artistas “se tornem testemunhas da beleza de Deus”.

Durante o seu discurso de hoje (15), o papa Francisco, seguindo a técnica jesuíta de sempre enumerar três coisas em um discurso, refletiu sobre as três dimensões que caracterizam esta associação: espiritual, eventual e residencial.

Quanto à dimensão espiritual, o papa Francisco disse que a vocação dos participantes neste projeto é “ajudar os artistas a criar uma ponte entre o céu e a terra”.

Francisco disse também que o seu objetivo é despertar nos artistas “a busca pela verdade”, “porque a beleza nos convida a uma forma diferente de estar no mundo”.

Recordando as suas palavras a uma delegação de artistas em junho de 2023, disse que “a beleza nos faz sentir que a vida está voltada para a plenitude” e que “na verdadeira beleza, começamos a sentir a nostalgia de Deus”.

“Acreditar em Deus criador só pode encorajar a criatura a ir além de si mesma, a se projetar na vida divina por meio da inspiração artística”, continuou o papa.

Quanto à segunda dimensão, a eventual, o papa disse que o movimento “ajuda os artistas a restabelecer um diálogo frutífero com a Igreja, por meio de encontros, shows, concertos e apresentações”.

“Trata-se de uma maneira, disse o papa, de tornar visível a proximidade da Igreja com os artistas, entrando em diálogo com a cultura e a vida deles, sejam eles crentes ou não”, disse.

Por fim, o papa Francisco refletiu sobre a dimensão residencial e disse que “a vida de um artista é frequentemente marcada pela solidão, às vezes pela depressão e por grande sofrimento interior”.

“O desafio de vocês é trazer à tona a beleza que está escondida nele ou nela, para que ele ou ela, por sua vez, se torne um apóstolo dessa beleza que gera vida, esperança e sede de felicidade. Uma missão que ajuda a aumentar a dignidade do artista, que não se sente mais rejeitado, incompreendido, marginalizado e excluído.”

O papa Francisco lamentou que a humanidade esteja abalada “por violências de todos os tipos, por guerras, por crises sociais”, e por isso disse que “precisamos de homens e mulheres capazes de nos fazer sonhar com um mundo diferente e belo”.

“Além disso, hoje é urgente recriar a harmonia entre o homem e o meio ambiente. As grandes crises climáticas nos obrigam a rever nossos hábitos e comportamentos”, disse.

Depois desta reflexão, o papa Francisco perguntou: “Qual é a nossa contribuição para a construção de um mundo em harmonia?”

“A cultura da beleza sempre nos coloca em movimento. Encontrar a beleza de Deus permite-nos recomeçar, recomeçar, no caminho para sociedades mais humanas e fraternas”, concluiu.