“Sem reforma litúrgica não há reforma da Igreja”, disse o papa Francisco durante audiência com os membros do Dicastério para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, recebidos no Vaticano na manhã de hoje (8) depois da conclusão de sua Assembleia Plenária.

No início do seu discurso, o papa Francisco fez referência à Sacrosanctum Concilium, constituição conciliar do Concílio Vaticano II sobre a liturgia que estabeleceu as bases da reforma litúrgica subsequente. O papa definiu o documento como “um profundo trabalho de renovação espiritual, pastoral, ecumênica e missionária”.

Para o papa, “Uma Igreja que não sente a paixão pelo crescimento espiritual, que não tenta falar de uma forma que seja compreensível para os homens e mulheres de seu tempo, que não se entristece com a divisão entre os cristãos, que não treme com o anseio de proclamar Cristo aos povos, é uma Igreja doente”.

“Qualquer reforma da Igreja é sempre uma questão de fidelidade esponsal: a Igreja Esposa será sempre mais bela quanto mais amar Cristo Esposo, a ponto de pertencer totalmente a Ele, a ponto de se conformar plenamente a Ele", disse Francisco.

“Nem tudo pode ser reduzido à ministerialidade”

Falando sobre a presença feminina na Igreja, o papa Francisco reiterou que “a Igreja é mulher e a Igreja é mãe, e a Igreja é a figura de Maria e a Igreja-mulher, figura de Maria, é mais do que Pedro, ou seja, é outra coisa”.

“Não se pode reduzir tudo à ministerialidade”, disse o papa. “A mulher em si mesma tem um símbolo muito grande na Igreja como mulher, sem reduzi-la à ministerialidade”.

Também disse que “qualquer reforma da Igreja é sempre uma questão de fidelidade conjugal, porque ela é mulher”.

Francisco também falou da formação litúrgica, bem como da “sinodalidade” e da colaboração entre os diferentes Dicastérios da Cúria.

“É necessário garantir que a formação dos ministros ordenados tenha também, cada vez mais, um cunho litúrgico-sapiencial, tanto no currículo dos estudos teológicos quanto na experiência de vida dos seminários”, exortou o papa.

Por fim, Francisco referiu-se às festas dos padroeiros e aos sacramentos da iniciação cristã como “ocasiões propícias” para redescobrir e aprofundar “o significado de celebrar hoje o mistério da salvação”, desde que sejam preparados “com cuidado pastoral”.