“O que devo fazer quando estou triste?”, perguntou o papa Francisco aos fiéis reunidos na Aula Paulo VI, no Vaticano, para a Audiência Geral de hoje (7) na qual falou sobre o “vício da tristeza”.

Em primeiro lugar, disse ele, é preciso parar “e ver se é uma tristeza boa ou não”. Segundo o papa, existe um tipo de “tristeza amiga, que nos conduz à salvação”, na qual também se experimenta uma “grande amargura” por ter pecado e que leva ao arrependimento.

“Existe uma tristeza que convém à vida cristã e que, com a graça de Deus, se transforma em alegria: evidentemente, ela não deve ser rejeitada e faz parte do caminho de conversão”, disse.

Segundo Francisco, “é uma graça gemer sobre os próprios pecados, recordar o estado de graça do qual caímos, chorar porque perdemos a pureza com que Deus nos sonhou”.

Existe outro tipo de tristeza, disse o papa, “um demônio perverso” que “pode tornar-se uma doença da alma, como um verme do coração, que corrói e esvazia o hóspede”.

Para o papa, esta tristeza é “como um abatimento da alma, uma aflição constante que impede o homem de sentir alegria pela sua existência” e surge “no coração do homem, quando se esvaece um desejo ou uma esperança”.

A dinâmica da tristeza, continuou o papa, “está ligada à experiência da perda”. “No coração do homem nascem esperanças que, às vezes, são frustradas”.

“Pode ser o desejo de possuir algo que, ao contrário, não se consegue obter; mas também algo importante, como a perda de um afeto. Quando isto acontece, é como se o coração do homem caísse num precipício, e os sentimentos que experimenta são desânimo, fraqueza de espírito, depressão, angústia”.

Segundo o papa, “todos passamos por provações que geram tristeza em nós, porque a vida nos faz conceber sonhos que depois se desfazem”. “Nesta situação alguns, depois de um período de turbulência, confiam na esperança; mas outros mergulham na melancolia, deixando que ela apodreça o coração”.

“Certos lutos prolongados, em que a pessoa continua a ampliar o vazio de quem já não está presente, não são próprios da vida no Espírito”, disse o papa.

“Certas amarguras rancorosas, em que a pessoa tem sempre em mente uma reivindicação que a faz assumir o papel de vítima, não produzem em nós uma vida sadia, e muito menos cristã”, disse.

“Há algo no passado de todos que deve ser curado. A tristeza, de uma emoção natural, pode transformar-se num estado de espírito maligno”.

Por fim, uma vez identificado o tipo de tristeza, o papa aconselhou a agir “e pensar que Jesus nos traz a alegria da Ressurreição”.