O papa Francisco recebeu hoje (22), no Vaticano membros do Comitê Nacional para o centenário do nascimento de padre Lorenzo Milani, sacerdote italiano que se destacou por seu trabalho educacional em favor dos pobres depois de uma forte conversão.

O padre Lorenzo Milani nasceu em 1923 em Florença, Itália, em uma família rica e ateia.

Em seu discurso aos membros do comitê, o papa comentou que o evento central na vida do padre Milani foi sua conversão, que fez dele "um crente, um sacerdote apaixonado pela igreja, um fiel servidor do Evangelho nos pobres".

Em 1947, Milani foi ordenado padre e enviado à paróquia de San Donato, na cidade de Calenzano, onde ficou comovido com a pobreza do povo e abriu sua primeira "escola popular" para todas as crianças, sem distinção de classe social ou religião.

Em seguida, foi designado como pároco da pequena cidade de Barbiana, onde as pessoas eram ainda mais pobres do que em Calenzano. Ali também ensinava as crianças às tardes, até que em 1956, decidiu abrir uma escola de tempo integral para dar-lhes capacitação industrial.

O papa Francisco ressaltou que " a escola era o ambiente no qual se trabalhava para um grande objetivo, um objetivo que ia além: restaurar a dignidade dos últimos, o respeito, os direitos e a cidadania, mas, acima de tudo, o reconhecimento da filiação de Deus, que nos compreende a todos".

Ele também destacou que o padre Milani "viveu plenamente as bem-aventuranças evangélicas da pobreza e da humildade, deixando seus privilégios burgueses, sua riqueza, seus confortos, sua cultura elitista para se tornar pobre entre os pobres".

"E ele nunca se sentiu diminuído por essa escolha, porque sabia que essa era a sua missão", disse

Segundo o papa Francisco, o padre italiano se perguntou: "como a Igreja pode ser significativa e causar impacto com sua mensagem para que os pobres não sejam deixados cada vez mais para trás".

O papa explicou que "com sabedoria e amor" encontrou a resposta na educação, através de seu modelo de escola, ou seja, "colocando o conhecimento a serviço daqueles que são os últimos para os outros, os primeiros para o Evangelho e para ele".

Neste sentido, afirmou que o padre Milani "nos convida a não ficarmos indiferentes, a interpretar a realidade, a identificar os novos pobres e a nova pobreza, a nos aproximarmos de todos os excluídos e a levá-los a sério. Cada cristão deve desempenhar seu papel nesse sentido".

Por último, ele quis expressar sua gratidão a esse "sacerdote inquieto e irrequieto, fiel ao Senhor e à sua Igreja, pelo testemunho que nos deixou como um legado exigente".

O padre Milani morreu em 1967, aos 44 anos, de câncer linfático. Lembramos que, em 20 de junho de 2017, durante sua visita a Barbiana, depois de rezar no túmulo do padre, o papa Francisco escreveu: "Agradeço a Deus por ter nos dado sacerdotes como o padre Milani".