O papa Francisco disse que todo mundo pode ter um cachorrinho, mas é preciso criar filhos, especialmente nesta época em que há poucos nascimentos, uma situação que o preocupa.

Foi o que declarou Francisco em uma audiência concedida no sábado (20), no Vaticano, aos membros da Associação para a Subsidiariedade e Modernização das Entidades Locais italianas (ASMEL), na Sala Clementina do Palácio Apostólico.

Depois de destacar a crescente importância de diferentes formas de inteligência artificial e advertir que elas não devem ser "instrumentos de morte", mas parte do cuidado das pessoas e da casa comum, o papa Francisco se referiu à escassez de nascimentos, especialmente na Europa.

"E por falar em cuidados”, disse por Francisco, “estou preocupado com os poucos nascimentos. Há uma ‘cultura de despovoamento’ que vem do número reduzido de nascimentos de crianças. É verdade que todo mundo pode ter um cachorrinho, mas é preciso criar filhos. Itália, Espanha... precisam de crianças", disse o papa.

"Basta pensar que um desses países mediterrâneos tem uma idade média de 46 anos! Precisamos levar o problema da natalidade a sério, levá-lo a sério porque o futuro da pátria está em jogo aí, o futuro está em jogo aí", alertou Francisco.

"Ter filhos é um dever para sobreviver, para seguir adiante. Pensem nisto: esse não é um anúncio de uma agência de natalidade, mas quero enfatizar o drama das baixas taxas de natalidade, que devem ser levadas muito a sério", observou o papa.

Em várias ocasiões, o papa expressou sua profunda preocupação com este tema.

Em novembro de 2023, diante de um grupo de pediatras italianos, o papa Francisco advertiu que "a Itália é um país que envelhece: esperemos que possa reverter a tendência, criando condições favoráveis para que os jovens tenham confiança e recuperem a coragem e a alegria de se tornarem pais".

"Talvez eu não devesse dizer isso, mas estou dizendo: hoje as pessoas preferem ter um cachorro em vez de um filho. Seu trabalho é muito limitado, mas o trabalho dos veterinários está crescendo! E isso não é um bom sinal", disse papa Francisco na época, em uma audiência no Vaticano.

Em maio de 2023, Francisco incentivou os italianos a acabar com o "inverno demográfico" para aumentar a taxa de natalidade na Europa.

Na ocasião, o papa recordou que foi cumprimentar uma senhora "de mais ou menos 50 anos; cumprimentei a senhora e ela abriu uma bolsa e me disse: 'Abençoe-o, meu bebê': um cachorrinho! Então não tive paciência e repreendi a senhora: 'Senhora, tantas crianças com fome, e a senhora com um cachorrinho! Irmãos e irmãs, essas são cenas do presente, mas se as coisas continuarem assim, esse será o costume do futuro, vamos tomar cuidado".

Dois anos antes, em maio de 2021, o papa Francisco disse que "as crianças são a esperança que faz um povo renascer".

"Para que o futuro seja bom, devemos cuidar das famílias, especialmente das jovens, que são assoladas por preocupações que correm o risco de paralisar seus projetos de vida", enfatizou na ocasião.