“Acompanhamos com perplexidade as recentes notícias veiculadas pela imprensa sobre a possível abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que coloca em dúvida a conduta do Padre Júlio Lancellotti no serviço pastoral à população em situação de rua”, diz nota da arquidiocese de São Paulo publicada ontem (3). “Perguntamo-nos por quais motivos se pretende promover uma CPI contra um sacerdote que trabalha com os pobres, justamente no início de um ano eleitoral”, diz a nota.

O vereador Rubinho Nunes (União Brasil) quer uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) para investigar organizações não-governamentais (ONGs) e outras entidades que atuam na Cracolândia, região do centro de São Paulo.

O padre Júlio Lancellotti é pároco da igreja de São Miguel Arcanjo, na Mooca, e vigário episcopal para o Povo da Rua da arquidiocese de São Paulo. A CPI visa investigar especialmente o Centro Social Nossa Senhora do Bom Parto (Bompar) e o coletivo A Craco Resiste. O Bompar disse em nota que “padre Júlio Lancellotti não é membro associado, conselheiro ou diretor do Centro social Nossa Senhora do Bom Parto, tampouco exerce algum cargo em nossas unidades de atendimento”.

O padre disse em entrevista ontem (3) ao jornal Folha de S. Paulo que não há dinheiro público em sua atuação pela arquidiocese de São Paulo e, portanto, não caberia uma investigação por parte dos vereadores, que podem fiscalizar apenas uso de recursos da prefeitura de São Paulo.

A nota alega que o “Padre Júlio não é parlamentar”, mas vigário episcopal da arquidiocese de São Paulo “para o Povo da Rua”, exercendo “o importante trabalho de coordenação, articulação e animação dos vários serviços pastorais voltados ao atendimento, acolhida e cuidado das pessoas em situação de rua na cidade”.

“Reiteramos a importância do trabalho da Igreja junto aos mais pobres da sociedade”, conclui a nota.