Nas suas palavras antes de rezar o Ângelus hoje (31), festa da Sagrada Família, o papa Francisco encorajou os fiéis a pedirem "a graça do estupor" e a "não se habituar à banalidade das coisas".

Francisco lembrou que hoje o Evangelho mostra a Sagrada Família "no templo de Jerusalém para a apresentação do Menino ao Senhor".

Jesus, Maria e José, disse, chegam ao templo e apresentam "a oferta mais humilde e simples entre aquelas previstas, o testemunho da sua pobreza", e depois "Maria recebe uma profecia: ‘Quanto a ti, uma espada te traspassará a alma’".

“Chegam na pobreza e saem com uma carga de sofrimento. Isto suscita surpresa: mas como, a Família de Jesus, a única família na história que pode vangloriar-se da presença de Deus em carne e osso, em vez de ser rica é pobre! Em vez de ser facilitada, parece obstada! Em vez de estar privada do cansaço, está imersa em grandes dores”.

O papa disse então: "O que diz às nossas famílias este modo de vida, a história da Sagrada Família, pobre, obstaculizada, em grande sofrimento? Diz-nos uma coisa muito bonita: Deus, que muitas vezes imaginamos estar além dos problemas, veio habitar a nossa vida com seus problemas”.

Deus, continuou, "os salvou assim, vivendo em meio a nós, não veio já adulto, mas muito pequeno; viveu em família, filho de uma mãe e de um pai; lá passou a maior parte de seu tempo, crescendo, aprendendo, em uma vida feita de cotidianidade, escondimento e silêncio".

"E não evitou as dificuldades, antes pelo contrário, ao escolher uma família, uma família ‘especialista em sofrimento’, diz às nossas famílias: ' Se vocês se encontrarem em dificuldades, sei bem o que vocês sentem, eu já vivi isso: eu, minha mãe e meu pai vivemos isso para dizer também à sua família: vocês não estão sozinhos'".

O papa Francisco disse que "José e Maria ‘estavam admirados com o que diziam a respeito de Jesus', porque não acreditavam que fossem o velho Simeão e a profetisa Ana a dizer estas coisas. Ficaram espantados”.

"E hoje quero centrar-me nisto: na capacidade de admirar-se. A capacidade de admirar-se é um segredo para seguir em frente bem em família. Não devemos nos habituar à banalidade das coisas. Mas, deixar-se antes de tudo maravilhar por Deus, que nos acompanha", encorajou.

"E depois, surpreender-se em família. Penso que é bom para um casal saber surpreender-se com o seu cônjuge, por exemplo, dando as mãos e olhando nos olhos um do outro por alguns momentos à noite, com ternura: a surpresa leva sempre à ternura", disse o papa, destacando que "a ternura no matrimônio é bela".

O papa também encorajou os pais a "maravilhar-se com o milagre da vida, dos filhos, encontrando tempo para brincar com eles e ouvi-los Eu pergunto a vocês, pais e mães: vocês encontram tempo para brincar com seus filhos? Para levá-los para passear? Ontem falei com uma pessoa ao telefone e perguntei-lhe: ‘Onde você está?’ – ‘Eh, estou na praça, trouxe meus filhos para passear’. Esta é uma bela paternidade e maternidade ".

"E depois maravilhar-se também com a sabedoria dos avós", disse, e lamentou que "tantas vezes tiramos os avós fora da vida. Não: os avós são fontes de sabedoria. Aprendamos a nos maravilhar com a sabedoria dos nossos avós, com a sua história”.

Depois de destacar que "os avós devolvem a vida ao essencial", o papa encorajou os fiéis a deixarem-se maravilhar pela sua "própria história de amor", porque "cada um de nós tem a sua e o Senhor nos fez caminhar com amor: maravilhar-se com isto".

"A nossa vida certamente tem aspectos negativos, mas maravilhar-se também com a bondade de Deus em caminhar conosco, mesmo que sejamos tão inexperientes", disse.

"Maria, Rainha da família, nos ajude a maravilhar-nos: peçamos hoje a graça do estupor. Que Nossa Senhora nos ajude a maravilhar-nos cada dia com o bem e a saber ensinar aos outros a beleza do estupor ", concluiu.