"Os cães ocupam o lugar das crianças", disse o papa Francisco criticando os poucos nascimentos que ocorrem na Itália aos prefeitos do país, que recebeu hoje (11) na Sala Clementina do Palácio Apostólico os Prefeitos da República Italiana. A Itália tem a sexta mais baixa taxa de natalidade do mundo.

O papa Francisco disse que a tarefa dos prefeitos é atuar como intermediárias “entre o Estado e o território, ligando constantemente o todo com as partes, o centro com as periferias, o bem comum com a atenção aos indivíduos”.

Fiel a seu hábito jesuíta de enumerar três coisas, Francisco citou três desafios que os prefeitos enfrentam: a ordem pública, as questões ambientais críticas e a gestão dos fluxos migratórios.

A ordem pública, para o papa, é um aspecto prioritário, onde se deve conjugar “o respeito pela lei com a atenção ao ser humano”.

Ele disse que “a proteção das vítimas deve ser conciliada com o tratamento justo dos criminosos”.

“Além disso, há a grande responsabilidade que vocês têm de lidar com os riscos enfrentados diariamente pelos membros das forças policiais, de cujos cuidados vocês também se ocupam", continuou ele”, continuou.

Francisco também disse que “não se pode administrar a ordem pública sem a ordem pessoal e interior. Mas quando existe essa ordem, a responsabilidade pela ordem pública é sentida como um chamado a criar aquele clima de convivência harmoniosa graças ao qual as dificuldades podem ser enfrentadas e resolvidas”.

“Eu diria que a sua é uma espécie de paternidade institucional: exercida com consciência e dedicação, não poupa sacrifícios nem cuidados e merece a nossa gratidão”, disse.

O papa também falou sobre a questão ambiental e as “emergências que hoje são frequentes e envolvem todos; ligadas a fenômenos atmosféricos que deveriam ser incomuns e extraordinários, tornaram-se comuns devido às mudanças climáticas.”

Segundo o papa, cabe aos prefeitos “gerir da melhor forma possível os recursos disponíveis e congregar os operadores públicos e privados”.

“É importante e urgente”, disse, “tanto no presente como no futuro, unir esforços para proteger a nossa casa comum em tempo hábil e com previsão”.

Por fim, falou dos fluxos migratórios, tarefa que “não é fácil, porque confia aos seus cuidados pessoas feridas e vulneráveis, muitas vezes perdidas e em recuperação de traumas terríveis”.

Francisco recordou que os migrantes “são rostos e não números”, que “precisam ser libertados dos tentáculos das organizações criminosas, capazes de especular sem piedade sobre as suas desgraças”.

“É-vos confiada a árdua tarefa de organizar no terreno uma recepção ordenada, baseada na integração e na inclusão construtiva no tecido local”, disse.

“Devemos prestar atenção. Os migrantes devem ser recebidos, acompanhados, promovidos e integrados. Se não houver isso, há perigo; se não houver este caminho para a integração, há perigo”, continuou.

Ele também falou de sua preocupação com a baixa taxa de natalidade na Itália, uma “terra onde faltam crianças e onde vêm os migrantes”.

“Estou preocupado com o problema da baixa taxa de natalidade aqui na Itália. Eles não têm filhos”, disse.

Por fim, convidou-os a pensar na responsabilidade “que os italianos têm de ter filhos para crescer e também de receber os migrantes como filhos”.