O papa Francisco recebeu hoje (7) no Vaticano os membros do Movimento dos Focolares, por causa dos da sua fundação. Ele os convidou a “estar vigilantes” durante este advento para não cair “na armadilha do mundanismo espiritual”.

No seu discurso, o papa recordou a figura da sua fundadora, a serva de Deus Chiara Lubich, que “decidiu consagrar-se totalmente ao Senhor” no dia 7 de dezembro de 1943, “em resposta ao chamado que sentiu doce e forte em seu coração".

O “sim” da fundadora deste movimento, segundo disse o papa Francisco, gerou “uma onda de espiritualidade que se espalhou pelo mundo, para dizer a todos que é belo viver o Evangelho com uma palavra simples: unidade”.

O papa disse que os focolares foram, nesses anos, "instrumento ativo de um grande florescimento de obras, iniciativas, projetos e, sobretudo, de 'renascimentos', de conversões, de vocações, de vidas doadas a Cristo e aos irmãos".

O papa deu-lhes três conselhos: maturidade eclesial, fidelidade ao carisma e compromisso pela paz.

Maturidade eclesial

Francisco exortou a trabalhar “para que o sonho de uma Igreja plenamente sinodal e missionária possa ser cada vez mais realizado”, começando pelas suas “comunidades, promovendo nelas um estilo de participação e de corresponsabilidade, também em nível de governo”.

Para tal, exortou-os a “procurar formas de participação e consulta mútua a todos os níveis, prestando especial atenção à comunicação e ao diálogo sincero”.

Fidelidade ao carisma

O papa pediu também aos membros dos focolares que semeiem “a unidade levando o Evangelho, sem nunca perder de vista a obra da encarnação que Deus continua querendo realizar em nós e ao nosso redor por meio do seu Espírito”.

Para reforçar esta ideia, o papa recordou-lhes um ensinamento da sua fundadora: “Deixem apenas o Evangelho para aqueles que os seguem. Se vocês fizerem isso, o ideal da unidade permanecerá”.

Compromisso pela paz

Finalmente, o papa disse que “o anseio de unidade continua a assumir, em muitas partes do mundo, a forma de um grito agonizante que exige uma resposta”.

“Hoje, infelizmente, o mundo ainda é dilacerado por muitos conflitos e continua precisando de artesãos da fraternidade e da paz entre os povos e as nações”, reiterou.

Ele disse que “só do amor nasce o fruto da paz” e por isso pediu-lhes que “sejam testemunhas e construtores da paz que Cristo alcançou com sua cruz, vencendo a inimizade”.

O papa Francisco lamentou que “não temos consciência do drama da guerra” e recordou aquela ocasião quando chorou durante uma visita em 2014 ao cemitério militar de Redipuglia, ao ver os túmulos dos jovens soldados que morreram durante a Primeira Guerra Mundial.

Antes de concluir, convidou-os a estar vigilantes durante o tempo do advento, porque “a armadilha do mundanismo espiritual está sempre à espreita”.

“Portanto, vocês também devem saber como reagir com decisão, coerência e realismo. Lembremo-nos de que a incoerência entre o que dizemos ser e o que realmente somos é o pior anti-testemunho”, disse.

O remédio, disse, é “voltar sempre ao Evangelho, raiz da nossa fé e da sua história: ao Evangelho da humildade, do serviço desinteressado, da simplicidade”.