O bispo de Passau, dom Stefan Oster, oponente do Caminho Sinodal Alemão disse que episcopado da Alemanha está profundamente “dividido”, o que pode ter consequências catastróficas para os fiéis católicos.

“É uma tragédia que nós, bispos alemães, tenhamos tão pouco acordo sobre questões-chave da antropologia e da eclesiologia”, disse Oster em entrevista publicada ontem (13) pela revista católica polonesa Gosc Niedzielny.

O episcopado dividido “é obviamente um desastre para os fiéis na Alemanha”, disse o bispo de 58 anos, que foi escolhido pelo papa Francisco para participar da assembleia do Sínodo da Sinodalidade no Vaticano em outubro.

As divisões no episcopado alemão vieram à tona recentemente quando Oster, o arcebispo de Colônia, cardeal Rainer Woelki, o bispo de Regensburg, Rudolf Voderholzer, e o bispo de Eichstatt, Gregor Hanke, boicotaram a reunião de um comitê de liderança do Caminho Sinodal Alemão nos dias 10 e 11 de novembro.

O comitê foi criado para estabelecer um conselho sinodal permanente de leigos e bispos que governe a Igreja na Alemanha. Uma carta da Santa Sé endossada pelo papa Francisco proibiu em janeiro a criação desse conselho.

Embora a decisão de não participar tenha mostrado divisões na Igreja na Alemanha, Oster diz que sua escolha “visava precisamente manter a unidade com Roma”.

“Tive uma escolha: destacar claramente a polarização existente entre os bispos ou destacar o meu caminho de unidade com a Igreja universal”, disse o bispo.

Críticas crescentes

O Caminho Sinodal, que começou em dezembro de 2019 como uma iniciativa do DBK e do Comitê Central para os Católicos Alemães (ZdK, na sigla em alemão), um lobby de funcionários leigos da Igreja, tem sido pelas tentativas de mudar a doutrina e as práticas da Igreja relacionadas à sexualidade humana, ordenação sacramental e governança da Igreja.

Numa carta de 11 de novembro a quatro leigas alemãs que escreveram ao papa Francisco para expressar as suas preocupações sobre a Igreja Católica na Alemanha, o papa Francisco escreveu que “numerosos passos” que estão a ser dados por alguns na Igreja local “ameaçam afastá-la mais e mais do caminho comum da Igreja universal”.

O secretário de Estado da Santa Sé, cardeal Pietro Parolin, informou aos bispos alemães, numa carta de 23 de outubro, que a ordenação de mulheres e as mudanças na doutrina da Igreja sobre atos homossexuais não podem ser temas de discussão nas próximas reuniões com os delegados do Caminho Sinodal Alemão em Roma.

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O arcebispo de Poznan, Stanislaw Gadecki, presidente da Conferência Episcopal Polonesa, também escreveu ao papa Francisco no início de outubro criticando o Caminho Sinodal, chamando muitas das suas resoluções de “extremamente inaceitáveis ​​e anticatólicas”.

A liderança do Caminho Sinodal condenou ou ignorou as críticas e não deu sinais de recuar em seus objetivos controversos.

Uma solução sinodal

O aumento das tensões entre a liderança do Caminho Sinodal Alemão e outros líderes católicos levou muitos a expressar preocupações sobre a possibilidade de cisma.

Mas na sua entrevista recente, dom Oster não deixou de ter esperança de que uma solução pudesse ser encontrada.

Ele sugeriu que uma “saída do impasse” entre a Alemanha e a Igreja universal poderia ser alcançada se o Caminho Sinodal Alemão “pudesse agora submeter-se” e integrar-se com o Sínodo da Sinodalidade da Santa Sé – “com uma aceitação clara do seu conteúdo e decisões”.

“Isso exigiria grande humildade e talvez até significasse retirar decisões já tomadas no Caminho Sinodal”, como a resolução para abençoar uniões homossexuais.