Hoje (26), na Solenidade de Cristo Rei do Universo, o papa Francisco conduziu a oração do Ângelus a partir da capela da Casa Santa Marta. A oração foi acompanhada pelos fiéis através dos telões colocados na Praça de São Pedro.

Antes de rezar a oração mariana, o papa Francisco disse que não poderia se assomar à janela do Palácio Apostólico, como acontece todos os domingos, porque ainda tem “este problema de inflamação nos pulmões”.

Por isso, a reflexão foi lida por monsenhor Paolo Braida, funcionário da Secretaria de Estado, que “a conhece bem porque é ele quem a faz, e sempre a faz muito bem”, disse Francisco.

Na reflexão lida, recorda-se que o Evangelho deste domingo, em que termina o ano litúrgico, fala do julgamento final, que “será sobre a caridade”.

“A cena que nos apresenta é a de uma sala real, na qual Jesus, 'o Filho do Homem', está sentado num trono. Todos os povos estão reunidos a seus pés e entre eles estão os ‘benditos’, os amigos do Rei”.

“Mas quem são eles? O que há de tão especial nesses amigos aos olhos de seu Senhor? De acordo com os critérios do mundo, os amigos do rei devem ser aqueles que lhe deram riqueza e poder, que o ajudaram a conquistar territórios, a vencer batalhas, a tornar-se grande entre outros governantes, talvez aparecer como uma estrela nas primeiras páginas dos jornais ou nas mídias sociais, e a eles ele deveria dizer: ‘Obrigado, porque vocês me tornaram rico e famoso, invejado e temido’. Isso de acordo com os critérios do mundo”.

Contudo, diz a reflexão, segundo os critérios de Jesus “os amigos são outros: são aqueles que o serviram nas pessoas mais frágeis. Porque o Filho do Homem é um Rei completamente diferente, que chama os pobres de 'irmãos', que se identifica com os famintos, os sedentos, os estrangeiros, os doentes, os presos, e diz: ‘Cada vez que faziam isso ao menor dos meus irmãos, eles fizeram isso comigo’”.

“Ele é um Rei que é sensível ao problema da fome, à necessidade de uma casa, à doença e à prisão – continua a reflexão - todas realidades que, infelizmente, são sempre muito atuais. Pessoas famintas, sem-teto, muitas vezes vestidas como podem, enchem nossas ruas: nós as encontramos todos os dias. E também com relação à enfermidade e à prisão, todos nós sabemos o que significa estar doente, cometer erros e arcar com as consequências”.

“O Evangelho de hoje nos diz que somos 'benditos' se respondemos a essas pobrezas com amor, com serviço: não olhando para o outro lado, mas dando de comer e beber, vestindo, hospedando, visitando, em uma palavra, estando perto dos necessitados”, continua o texto.

“E isso porque Jesus, nosso Rei que se define Filho do Homem, tem suas irmãs e irmãos prediletos nas mulheres e homens mais frágeis. A sua ‘sala real’ está instalada onde estão aqueles que sofrem e precisam de ajuda. Esta é a ‘corte’ do nosso Rei”, acrescenta.

Portanto, as pessoas que têm Jesus como Senhor são chamadas a distinguir-se pela compaixão, pela misericórdia e pela ternura. “Elas enobrecem o coração e descem como óleo sobre as feridas de quem está ferido pela vida”, continua.

A reflexão termina com um convite aos fiéis a perguntarem-se: “Acreditamos que a verdadeira realeza consiste na misericórdia? Acreditamos no poder do amor? Acreditamos que a caridade é a manifestação mais real do homem e é uma exigência indispensável para o cristão?”

“E, enfim, uma pergunta particular: sou um amigo do Rei, ou seja, sinto-me envolvido em primeira pessoa nas necessidades dos sofredores que encontro em meu caminho?”.