O papa Francisco disse que não está bem de saúde, durante uma audiência com a delegação da Conferência dos Rabinos Europeus, a quem falou da importância do diálogo entre cristãos e judeus.

Apesar de estar com um “leve resfriado”, segundo informou o Vatican News, o papa conseguiu continuar com sua agenda lotada marcada para hoje (6).

No seu discurso, entregue por escrito aos membros da Conferência dos Rabinos Europeus, o papa centrou o seu olhar na guerra em Israel e em Gaza, uma terra que, “abençoada pelo Altíssimo, parece estar sendo continuamente contrariada pela baixeza do ódio e pelo barulho mortal das armas".

Ele também descreveu como preocupante “a disseminação de manifestações antissemitas”, que condenou “firmemente”.

Segundo o papa, neste “tempo de destruição, somos chamados, por todos e antes de todos, a construir a fraternidade e a abrir caminhos de reconciliação, em nome do Todo-Poderoso”.

“Não as armas, nem o terrorismo, nem a guerra, mas a compaixão, a justiça e o diálogo são os meios adequados para construir a paz”, disse.

Francisco falou da necessidade do diálogo para evitar “a precipitação repentina da vingança e a loucura do ódio guerreiro. Quão importante é, então, que nós, crentes, testemunhemos o diálogo”, disse.

"Se aplicamos essas conclusões ao diálogo judaico-cristão, podemos dizer que nos aproximamos uns dos outros por meio do encontro, da escuta e do intercâmbio fraterno, reconhecendo-nos como servos e discípulos dessa Palavra divina, o leito vital no qual germinam as nossas palavras", continuou.

As raízes judaicas dos cristãos

“Para nos tornarmos construtores da paz, somos chamados a ser construtores do diálogo. Não apenas com nossas próprias forças e habilidades, mas com a ajuda do Todo-Poderoso”, disse o papa Francisco.

Segundo o papa, para os cristãos, o diálogo com o judaísmo é “de particular importância”, pois, “temos raízes judaicas”.

“Jesus nasceu e viveu como judeu; Ele mesmo é o primeiro garantidor da herança judaica dentro do cristianismo e nós, que somos de Cristo, precisamos de vocês, queridos irmãos, precisamos do judaísmo para nos entendermos melhor”.

Por isso, disse que “é importante que o diálogo judaico-cristão mantenha viva a dimensão teológica, ao mesmo tempo que continua a abordar questões sociais, culturais e políticas”.

“As nossas tradições religiosas estão intimamente conectadas: elas não são dois credos não relacionados que se desenvolveram independentemente em espaços separados e sem influenciar um ao outro”, disse Francisco.

O diálogo entre cristãos e judeus “mais do que um diálogo inter-religioso, é um diálogo familiar”, continuou.

Por fim, observou que “estamos ligados uns aos outros diante do único Deus” e reafirmou que “juntos, somos chamados a dar testemunho, com nosso diálogo, de sua palavra e, com nossa conduta, de sua paz”.