O padre Marko Rupnik, ex- jesuíta e artista de mosaicos acusado de graves abusos contra mulheres, foi aceito para o ministério sacerdotal na diocese de Koper, na Eslovênia.

Em declaração hoje (25) à CNA, agência em inglês do grupo EWTN, do qual a ACI Digital faz parte, a diocese de Koper confirmou relatos anteriores da mídia italiana e alemã de que Rupnik estava agora incardinado lá.

O comunicado afirma que Rupnik foi recebido na diocese no final de agosto.

O bispo local aceitou o pedido de Rupnik para ser recebido na diocese “com base no decreto sobre a demissão de Rupnik da ordem jesuíta” e “com base no fato de nenhuma sentença judicial ter sido proferida contra Rupnik”, segundo uma tradução para o inglês da declaração, escrita em esloveno, publicada pelo vigário geral da diocese, Slavko Rebec.

Rebec citou o artigo 11.1 da declaração universal dos Direitos Humanos das Nações Unidas, que diz: “Toda a pessoa acusada de um ato delituoso presume-se inocente até que a sua culpabilidade fique legalmente provada no decurso de um processo público em que todas as garantias necessárias de defesa lhe sejam asseguradas”.

“Até que Rupnik seja condenado à sentença acima mencionada, ele goza de todos os direitos e deveres dos padres diocesanos”, diz o comunicado.

A diocese de Koper abrange o lado ocidental da Eslovênia e tem mais de 266 mil habitantes. Rupnik nasceu na pequena cidade eslovena de Zadlog, que faz parte da diocese de Koper.

Rupnik foi demitido dos jesuítas em 9 de junho por não obedecer às instruções dos seus superiores, incluindo restrições ao seu ministério impostas por recomendação dos investigadores.

Em fevereiro, os jesuítas afirmaram ter aberto um novo procedimento interno contra Rupnik para investigar acusações contra ele que vão de 1985 a 2018. As acusações “altamente credíveis”, disseram, incluíam alegações de abuso espiritual, psicológico e sexual, e abuso de consciência.

Rupnik também foi brevemente excomungado em 2019 por absolver em confissão uma cúmplice de um pecado contra o sexto mandamento.

O acolhimento de Rupnik na diocese eslovena contrasta com as sanções impostas à religiosa com quem ele cofundou a Comunidade Loyola de religiosas na Eslovênia, onde alegadamente aconteceram os seus abusos.

A irmã Ivanka Hosta, superiora geral da Comunidade Loyola desde 1994, foi discretamente afastada em junho do governo da comunidade e proibida de entrar em contato com irmãs atuais ou antigas durante três anos e obrigada a fazer peregrinações mensais para rezar pelas vítimas de Rupnik.

Ela estaria hospedada num mosteiro em Braga, no norte de Portugal, após a conclusão de uma investigação sobre a sua liderança na comunidade religiosa pela diocese de Roma.

Hosta fundou a comunidade de religiosas junto com Rupnik em Ljubljana, Eslovênia, no início da década de 1990, embora os dois tenham se separado de forma dramática em 1993.

Segundo um decreto de 21 de junho enviado a Hosta pelo bispo auxiliar de Roma, Daniele Libanori, SJ, e obtido pelo site Sete Margens, Hosta foi proibida de ocupar qualquer cargo ou função de governo ou de exercer qualquer direção espiritual na comunidade.