O principal promotor da causa de canonização de santa Teresa de Calcutá disse que um novo filme sobre a santa é prejudicado por “graves erros” na forma como seus produtores abordaram a vida da fundadora das Missionárias da Caridade.

O padre Brian Kolodiejchuk, diretor do Centro Madre Teresa, mantido pelas Missionárias da Caridade, e postulador da causa de beatificação e canonização de madre Teresa, disse em comunicado no dia 28 de setembro, antes do lançamento do filme “Madre Teresa e eu”, que seus criadores cometeram “vários erros cruciais” ao retratar as dúvidas que santa Teresa experimentou em sua vida, ao mesmo tempo que se dedicava a viver o Evangelho no cuidado dos doentes e pobres.

“Madre Teresa e eu” conta a história de Kavita, uma jovem que se vê diante de uma gravidez inesperada. Lutando entre fazer ou não um aborto, ela retorna à sua cidade natal, na Índia, onde sua babá, agora muito idosa, conta a história dos primeiros dias de madre Teresa trabalhando nas ruas de Calcutá. Ao saber como madre Teresa enfrentou muitas dúvidas após não conseguir mais ouvir a voz de Jesus, Kavita se inspira.

O escritor e diretor do filme, Kamal Musale, disse no site do filme, antes de ser revisado, que a representação de Teresa no filme é “mais fiel à vida” por causa da abordagem de como ela “perdeu a fé” e aparentemente “nunca se recuperou disso”.

“Durante [um] período de aproximadamente 12 anos, Teresa passa por uma mudança completa, desde a intensidade da sua epifania até à desilusão e à constatação de que a sua ligação com Deus está perdida”, disse Musale.

No entanto, Kolodiejchuk criticou esta caracterização de santa Teresa como imprecisa.

“Infelizmente, os produtores do filme parecem desconhecer a interpretação da própria madre Teresa sobre a sua escuridão, ou o significado que isso teve para a sua vida e vocação”, disse Kolodiejchuk.

“Como atestam os seus próprios escritos, uma das coisas mais profundas sobre madre Teresa é que ela nunca ‘perdeu a fé’, mesmo em meio à desolação e à incerteza. Suas cartas pessoais falam de sua ‘união ininterrupta [com Deus]’ durante sua escuridão e observam que ‘minha mente e meu coração estão habitualmente com Deus’”.

“Ela descreve a ‘dúvida’ em que viveu ‘pelo resto da vida’ como, em vez disso, uma prova de fé – uma experiência bem conhecida na tradição mística católica”, disse Kolodiejchuk.

O padre argumentou que, em vez de demonstrar uma perda da sua fé, as dúvidas de santa Teresa “ilustraram a profundidade dessa fé e a sua confiança de que Cristo não a abandonaria”.

“Ela até afirma que ‘ouvirei a voz dele’ e ‘sei que isso são apenas sentimentos – pois minha vontade está firmemente ligada a Jesus’”.

Ao citar sua própria experiência pessoal com a santa, Kolodiejchuk disse que o filme “não captura com precisão a mulher que conquistou o mundo com seu amor constante e alegre a Deus e ao próximo; uma das mulheres mais amadas e admiradas do século XX”.

“Ainda devemos esperar por um filme não documental que retrate adequadamente a santa madre Teresa 'real e identificável’, já que uma deturpação é injusta para ela e para aqueles que desejam conhecê-la em toda a sua beleza e plenitude”, disse.

O filme está previsto para estrear em uma única noite hoje (5) em 800 cinemas nos EUA. Foi produzido pela Curry Western Movies, da Índia, junto Les Films du Lotus, da Suíça.

Musale, diretor do filme, também dirigiu os filmes “Caminhada de Milhões” e “Bumbai Bird”, entre outros.