A Igreja Católica celebra hoje (26) os santos Cosme e Damião, irmãos, médicos e mártires do século III. No Brasil, esses santos são associados ao costume de dar doces para crianças. Mas, isso “não tem nada a ver com a Igreja Católica”, disse o exorcista de Bauru (SP), monsenhor Rubens Miraglia Zani. “É uma tradição de candomblé e de umbanda, onde os santos católicos Cosme e Damião são sincretizados com ibejis e doum, que são entidades consideradas entidades infantis dentro da umbanda e do candomblé”, completou.

Os santos Cosme e Damião eram celebrados na Igreja Católica em 27 de setembro. Mas, com a reforma do Calendário Romano, em 1969, a data foi mudada para 26 de setembro, para não coincidir com o dia de são Vicente de Paulo.

Cosme e Damião eram irmãos gêmeos. Nasceram na Arábia peninsular, entre a Ásia e a África. Aprenderam ciências na Síria e se destacaram na medicina. Realizaram várias curas, algumas inclusive consideradas milagrosas.

Os irmãos ficaram conhecidos por não cobrarem nada por seus serviços. Além do cuidado do corpo, dedicavam-se também ao bem das almas. Sabiam que colocar-se a serviço das pessoas era uma forma de anunciar Jesus.

Eles foram presos durante a perseguição aos cristãos do imperador Diocleciano e martirizados. São considerados os padroeiros dos médicos, cirurgiões, farmacêuticos, dentistas e faculdades de medicina.

O monsenhor Rubens Miraglia Zani, delegado coordenador da Secretaria de Língua Portuguesa da Associação Internacional de Exorcistas (AIE), disse à ACI Digital que o sincretismo no Brasil surgiu com a chegada dos escravos africanos. Para ele, “como não houve uma catequese necessária, houve então o que chamamos de sincretismo. Eles diziam cultuar santos católicos quando, na verdade, ainda cultuavam os orixás das religiões ancestrais”, disse.

“Isso fez com que identificassem em são Cosme e são Damião – que não eram crianças, pelo contrário, eram adultos, médicos – mas resolveram identificar aí os gêmeos”, disse.

Monsenhor Zani chamou a atenção para o fato de as imagens das religiões de matriz africana apresentarem “três entidades, duas maiores e uma pequenininha no meio delas, as três vestidas do mesmo modo, porque seria são Cosme, são Damião e doum”.

“Muitas vezes, eles pedem para nós padres abençoarmos essas imagens, mas escondem o terceiro, ficam com a mão por trás, para que a gente não veja, porque, se vermos, vamos perceber que se trata de umbanda, de candomblé e, evidentemente, não se faz bênção de nada disso, porque as intenções deles são completamente distintas”, disse o exorcista.