O papa Francisco celebrou hoje (23) a missa final da sua viagem apostólica a Marselha, França, no meio da qual recordou a necessidade “de um novo salto de fé” para a vida da Igreja, especialmente na França e no resto da Europa.

“Também hoje a nossa vida, a vida da Igreja, a França, a Europa precisam disto: da graça dum salto de alegria, dum novo salto de fé, de caridade e de esperança. Precisamos de reencontrar paixão e entusiasmo, redescobrir o gosto do compromisso pela fraternidade, ousar ainda o risco do amor nas famílias e para com os mais frágeis, e encontrar no Evangelho uma graça que transforma e torna bela a vida”, disse durante a homilia de hoje (23) no Estádio Velodrome de Marselha.

Depois de participar na sessão final dos “Encontros do Mediterrâneo”, entre outras atividades, o papa Francisco foi ao estádio, num percurso onde estiveram presentes cerca de 100 mil fiéis. Ao chegar, ele andou algumas vezes pelo local, e às 18h15 (hora local), celebrou a missa diante de cerca de 50 mil pessoas.

 

50 mil fiéis celebram a missa final do Encontro Mediterrâneo de 2023. Daniel Ibáñez - ACI Prensa
50 mil fiéis celebram a missa final do Encontro Mediterrâneo de 2023. Daniel Ibáñez - ACI Prensa

O papa começou a sua homilia com a história bíblica da visitação de Maria a sua prima Isabel, momento em que Maria, carregando no ventre o menino Jesus, foi recebida com uma explosão de alegria pelo filho que Isabel esperava. O papa disse que Maria, como Davi, “se levanta e parte para a região de Jerusalém”, tornando-se a verdadeira Arca da Aliança que introduziu o Senhor encarnado no mundo.

“Assim, Maria é apresentada como a verdadeira Arca da Aliança, que introduz no mundo o Senhor encarnado. É a jovem Virgem que vai ao encontro da idosa estéril e, levando Jesus, torna-se sinal da visita de Deus que vence toda a esterilidade”, disse.

Francisco destacou como esta história de Maria e Isabel representa a visita de Deus à humanidade através de duas mulheres, uma jovem e outra idosa, ambas grávidas de uma forma aparentemente impossível. Esta narrativa bíblica, segundo o papa, ilustra a capacidade de Deus que “torna possível mesmo aquilo que parece impossível, gera vida mesmo na esterilidade”.

Em seguida, perguntou aos presentes: “Acreditamos que Deus está agindo na nossa vida? Cremos que o Senhor age, de forma escondida e frequentemente imprevisível, na história, realiza maravilhas e atua também nas nossas sociedades marcadas pelo secularismo mundano e por uma certa indiferença religiosa?”

O papa descreveu a experiência de fé como um “salto”, um frémito interior que move e faz sentir a presença do Senhor. Ele disse que a fé gera um “salto de vida”, que leva ao reconhecimento da obra de Deus em meio às dificuldades e ao compromisso ativo na construção de um mundo melhor.

 

Papa Francisco celebrando a Eucaristia. Daniel Ibañez - ACI Prensa
Papa Francisco celebrando a Eucaristia. Daniel Ibañez - ACI Prensa

“Recordemo-lo sempre, mesmo na Igreja: Deus é relação e visita-nos muitas vezes através dos encontros humanos, quando sabemos abrir-nos ao outro, quando há um salto de alegria pela vida de quem passa diariamente por nós e quando o nosso coração não fica impassível e insensível perante as feridas de quem é mais frágil”, disse ele.

O papa Francisco reconheceu que para países europeus como a França, onde coexistem diferentes culturas e religiões, existe “um grande desafio contra as exasperações do individualismo, contra os egoísmos e os fechamentos que produzem solidões e sofrimentos”.

Por isso, exortou a aprender com Jesus “a sentir frémitos por quem vive ao nosso lado”. “Aprendamos d’Ele que, à vista das multidões cansadas e exaustas, sente compaixão e Se comove, experimenta saltos de misericórdia diante da carne ferida daqueles que encontra”.

Por fim, Francisco pediu aos fiéis franceses para que recuperem a paixão e o entusiasmo pela vida e pela fé, para se tornarem “cristãos que encontram Deus com a oração, e os irmãos com o amor; cristãos que saltam de alegria, vibram, acolhem o fogo do Espírito”.

No final da missa, depois do discurso de despedida do arcebispo de Marselha, cardeal Jean-Marc Aveline, e antes da bênção final, o papa Francisco dirigiu algumas palavras de agradecimento aos fiéis e peregrinos presentes.

 

  Papa Francisco é recebido e despedido por multidões durante sua visita ao Estádio Velodrome, em Marselha. Daniel Ibañez - ACI Prensa
    Papa Francisco é recebido e despedido por multidões durante sua visita ao Estádio Velodrome, em Marselha. Daniel Ibañez - ACI Prensa

Depois, ele viajou de carro até o aeroporto internacional de Marselha.

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