Os armênios na região separatista de Nagorno-Karabakh aceitaram depor as armas e dissolver suas forças militares após uma curta, mas intensa, ofensiva do Azerbaijão na terça-feira (19).

Embora reconhecida internacionalmente como parte do Azerbaijão, a região de Nagorno-Karabakh é composta quase que inteiramente por cristãos de etnia armênia que reivindicam a sua soberania autoproclamando-se República de Artsakh.

O Azerbaijão alegou "medidas antiterroristas" para o ataque com foguetes e morteiros contra alvos militares e civis, segundo as autoridades de Artsakh.

Durante o ataque, cerca de 100 armênios foram mortos, incluindo civis, e várias centenas ficaram feridos, segundo uma declaração do ex-ministro de Estado de Artsakh, Ruben Vardanyan, à agência de notícias Reuters.

Os ataques forçaram mais de 10 mil pessoas, incluindo mulheres, crianças e idosos, a deixar suas casas, segundo o Ministério das Relações Exteriores de Artsakh.

A escalada desta semana foi o primeiro indício de um conflito militar direto em grande escala em Nagorno-Karabakh desde 2020. Os armênios cristãos estão presos, sem comida ou remédios, por causa de um bloqueio feito pelo Azerbaijão há meses, e que causou a indignação entre os ativistas de direitos humanos que acusam o país de fazer uma limpeza étnica.

Ontem (20), o Ministério da Defesa da República do Azerbaijão disse que "às 13h de 20 de setembro de 2023, chegou-se a um acordo para suspender as medidas antiterroristas".

Os termos do acordo, segundo o Ministério da Defesa do Azerbaijão, eram que todos os "grupos armados ilegais depusessem suas armas, se retirassem de suas posições de batalha e postos militares, e fossem submetidos a um desarmamento completo" e "simultaneamente, todas as munições e equipamentos militares pesados fossem entregues".

O Azerbaijão também exigiu a retirada de todas as "formações das forças armadas da Armênia estacionadas na região de Karabakh". A Armênia nega que tenha forças em Nagorno-Karabakh.

Em uma entrevista coletiva ontem (20), o vice-ministro das Relações Exteriores do Azerbaijão, Fariz Rzayev, disse que "como resultado das medidas antiterroristas tomadas pelas forças armadas do Azerbaijão, o acordo foi alcançado hoje para a desmilitarização total, desarmamento e dissolução dos remanescentes das forças regulares da República da Armênia, que ainda estavam ilegalmente implantados nos territórios soberanos da República do Azerbaijão".

Segundo o Ministério da Defesa, o desarmamento deve ser conduzido com a supervisão do contingente russo de manutenção da paz estacionado na região.

A Reuters informou que a República de Artsakh também concordou com o desarmamento, dizendo: "Na situação atual, as ações da comunidade internacional para acabar com a guerra e resolver a situação são inadequadas. Considerando tudo isso, as autoridades da República de Artsakh aceitam a proposta do comando do contingente russo de manutenção da paz para cessar fogo".