Dom Hanna Jallouf foi consagrado vigário apostólico latino de Aleppo, Síria, no domingo (17). Ele terá jurisdição sobre todos os católicos de rito latino do país e, assim, é o primeiro bispo nascido na Síria a ocupar o cargo.

Segundo o Patriarcado Latino de Jerusalém, a celebração da consagração do novo bispo aconteceu, na igreja de São Francisco de Assis, em Aleppo. E foi celebrada por dom Claudio Gugerotti, prefeito do Dicastério para as Igrejas Orientais.

Dom Hanna Jallouf é natural de Idlib, norte da Síria, e é religioso franciscano da Ordem dos Irmãos Menores. Trabalhou em estreita colaboração com o ex-custódio da Terra Santa e atual patriarca de Jerusalém, dom Pierbattista Pizzaballa.

Bispo chave para a paz

A Síria está em guerra civil desde março de 2011. O conflito começou com protestos contra o governo do presidente Bashar al-Assad, que se transformaram em uma luta armada entre opositores e apoiadores do regime. O grupo terrorista muçulmano Estado Islâmico dominou parte  do país em guerra e matava cristãos. Um importante grupo de rebeldes está em Idlib, uma província do norte onde dom Hanna Jallouf serviu durante muitos anos como sacerdote.

Essa área também foi uma das mais afetadas pelo terremoto que ocorreu no sul da Turquia e no norte da Síria no dia 6 de fevereiro deste ano que deixou milhares de mortos.

Segundo a Custódia da Terra Santa, o novo bispo disse que “antes da guerra, os cristãos representavam quase 17% da população síria. Hoje, passados ​​11 anos, muitos emigraram”.

“Na província de Idlib, por exemplo, éramos 10 mil cristãos fiéis; hoje há cerca de 700 famílias, nem mesmo 8% da população. Talvez fiquemos com 3% ou 4% da população cristã na Síria”, acrescentou.

Ele descreveu a missão como uma missão de oferecer coragem, "porque a guerra quase fez com que até mesmo os cristãos perdessem o sentido da vida". Ele também disse que é respeitado tanto pelo governo quanto pelos rebeldes, e talvez seja por isso que o Senhor o tenha escolhido para assumir essa missão, na qual ele poderá ajudar a pacificar os dois lados”.

“Os rebeldes enviaram uma delegação para me felicitar pela minha nomeação. Os nossos cristãos, por um lado, estavam felizes, mas por outro lado, sentiram algum medo e tristeza porque devo deixar tudo, e para eles sou um ponto de segurança e coragem”, descreveu.

Há oito papas da Síria

Dom Hanna Jallouf, vigário apostólico latino de Aleppo, falou da importância da Síria para a Igreja. De lá foram são João Damasceno, doutor da Igreja, e santa Tecla. Também foram sírios vieram “oito papas”: santo Aniceto (155-166), João V (685-686), são Sérgio I (Síria) (687-701), Sisinus (708-708), Constantino (708-715) e são Gregório III (731-741).

“Temos o primeiro santuário em homenagem à Virgem, em Saidnaya. Temos a casa de santo Ananias. A conversão de São Paulo aconteceu aqui, em Damasco. A história de Jó se passa no sul da Síria... São Maron também é um sírio que se refugiou no Líbano! “A Síria é uma terra santa, santificada pelo Senhor e pelos seus fiéis”, concluiu.

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