A Comissão das Conferências de Bispos da União Europeia (COMECE) recordou ontem (4) o venerável Robert Schuman, pai do projeto político da União Europeia, nos 60 anos da sua morte.

O secretário da COMECE, padre Manuel Barrios, celebrou uma missa na capela para a Europa localizada em Bruxelas, sede da COMECE.

Nascido em 1886 em Clausen, Luxemburgo, Schuman foi educado nas virtudes cristãs que heroicamente pôs em prática ao longo da vida, segundo a Congregação para as Causas dos Santos.

Quando estudava Direito na cidade de Metz, no noroeste da França, entrou para a associação católica Unitas. Em 1910, o então bispo de Metz, dom Willibrord Benzler (1853 - 1921), pediu-lhe que dirigisse a Federação Diocesana das Associações Juvenis Católicas.

Depois da Primeira Guerra Mundial, Schumann iniciou sua carreira política em 1919 como deputado na Assembleia Nacional Francesa. Além de trabalhar pela integração jurídica da Alsácia e da Lorena, defendeu a Concordata com a Santa Sé e as questões de justiça social.

Durante a Segunda Guerra Mundial, a polícia política da Alemanha nazista, Gestapo, o prendeu por sete meses. No final do conflito, envolveu-se no Governo francês e desempenhou diversas funções, incluindo ministro da fazenda, das relações exteriores, da justiça e primeiro-ministro.

Nesses anos, fez amizade com Konrad Adenauer e Alcide De Gasperi. Os três são reconhecidos como os pais da União Europeia. Em 1958, foi eleito primeiro presidente do parlamento comunitário.

Obediência a Deus

Segundo a Congregação para as Causas dos Santos, Schuman “viveu a virtude da fé como uma dimensão que abrange tudo. Tomou a decisão de se dedicar à política como um ato de obediência à vontade de Deus”.

Participava diariamente da missa e visitava frequentemente o Santíssimo Sacramento.

“Schuman respeitava plenamente a laicidade do Estado, mas nunca aceitou agir contra a sua consciência, formada na obediência aos mandamentos de Deus e às leis da Igreja”, diz a Congregação na sua nota biográfica.

Um traço característico da venerável espiritualidade era viver “uma esperança heroica” cujas raízes estão na “firme adesão à Providência”. Schuman destacou-se pela generosidade para com os pobres, órfãos, leprosos, refugiados e deficientes.

Ideias centrais de seu pensamento político

Em declarações à ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI, Carmen Isolina Egea, professora da Licenciatura em Relações Internacionais da Universidade Francisco de Vitória, disse que Schuman “não traduziu as suas ideias em grandes textos de pensamento político”, exceto num documento escrito no final dos seus dias intitulado “Pela Europa”.

Entre estas ideias, Egea disse que Schuman “combinava as suas profundas crenças católicas com um claro compromisso com o serviço público”. Assim, ele entendia a política “como uma forma de desenvolver a contribuição para um mundo mais justo”.

Outro dos motores da sua atividade foi a solidariedade. Egea disse que “ele considerava que o desenvolvimento da União se faria através de pequenos passos” de colaboração em políticas de cooperação.

Schuman considerava essencial o equilíbrio e a cooperação entre a Alemanha e a França. Não é de surpreender que as tensões entre os dois países “tivessem causado grande parte dos conflitos até a época”.

Ele também era partidário da “cooperação em questões militares” entre os países europeus, bem como de criar instituições fortes”.