O cardeal Giorgio Marengo, missionário da Consolata e prefeito apostólico em Ulan Bator, disse que a próxima viagem do papa Francisco à Mongólia mostra a proximidade de Deus, que “se preocupa com todos”, mesmo com aqueles que “vivem, geograficamente, em áreas talvez menos conhecidas no mundo".

O cardeal Marengo concedeu uma entrevista a Teresa Tseng Kuang Yi, publicada numa série de vídeos da agência Fides, serviço noticioso das Pontifícias Obras Missionárias. “Sou grato pelo fato de o Senhor querer me enviar para cá”, disse o cardeal Marengo, que foi criado cardeal pelo papa Francisco em agosto de 2022, tornando-se o cardeal mais jovem do mundo.

Francisco visitará a Mongólia de 31 de agosto a 4 de setembro. Ele será o primeiro papa a visitar este país asiático que tem mais de 3 milhões de habitantes, dos quais apenas 1,5 mil são católicos.

O cardeal Marengo falou primeiro da visita à Mongólia do secretário para as Relações com os Estados e Organizações Internacionais da Santa Sé, o cardeal Paul Richard Gallagher, em junho deste ano. Segundo ele, "foi muito importante, porque foi a primeira vez desde o início das relações diplomáticas entre o Vaticano e a Mongólia (há 30 anos) que um secretário visitou oficialmente o país”.

O cardeal Marengo disse também que a visita do cardeal Gallagher foi importante “tendo em conta a viagem do Santo Padre” e que ocorreu também “num momento particularmente delicado e importante” para o país. A acolhida foi “muito boa”, segundo o prefeito. Lembrou também que foi o presidente mongol quem convidou oficialmente o papa em julho do ano passado.

“O presidente quis que este convite fosse entregue pessoalmente por uma delegação do governo mongol que viajou a Roma em agosto de 2022”, disse. “Foi um momento muito bonito de encontro entre esta delegação e as autoridades da Santa Sé”, acrescentou. O convite foi recebido diretamente pelo papa “com grande alegria e satisfação”.

Segundo Marengo, a história das relações entre os dois Estados é "muito antiga". Ele disse que "gostam de lembrar que em 1246, o papa Inocêncio IV já tinha enviado um dos seus delegados para se reunir e estabelecer as primeiras relações com a Mongólia”. E disse que existem documentos nos Arquivos do Vaticano que testemunham uma relação de diálogo “que é surpreendente porque existe há 800 anos”.

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O cardeal Marengo já havia convidado pessoalmente o papa Francisco e disse que este convite, juntamente com o do governo, “coroou” a longa história de proximidade e encontro entre a Santa Sé e a Mongólia.

O pontificado de Francisco sempre se caracterizou pelo seu apelo constante a uma Igreja em saída, que vai às periferias. Sobre isto, o cardeal disse que a dimensão da periferia deve ser “entendida como uma experiência, às vezes de marginalidade, de uma minoria e de uma vida de fé que enfrenta uma maioria que tem outros pontos de referência”.

“Creio que a Mongólia, neste sentido, representa uma experiência de ser católico numa condição minoritária, por vezes marginalizada, que talvez possa oferecer também ao resto da Igreja: o dom do frescor de uma fé que se interroga, se deixa interrogar pela realidade, que não tem grandes forças ou sinais externos nos quais confiar, mas tem a presença viva do Senhor ressuscitado”, disse.

Acrescentou ainda que, neste sentido, “a periferia também tem algo a dizer ao resto da Igreja Universal”. Sobre o trabalho da Igreja no país, o cardeal Marengo disse que a Mongólia e a Igreja podem “parecer distantes”, mas que – sobretudo graças ao interesse do papa Francisco – “estão se aproximando”

Para o cardeal, o fato de o sucessor des Pedro se interessar pelo “pequeno rebanho” mongol diz “o quanto Nosso Senhor se preocupa com todos, incluindo as pessoas que vivem em áreas geográficas talvez menos conhecidas no mundo”.

“Espero que esta viagem traga realmente este dom de graça e amizade entre os povos e também um testemunho de solidariedade e esperança para o povo da Mongólia”, concluiu.