“Quem não tem paciência não é um bom cristão”, disse o papa Francisco na Audiência Geral de hoje (30), na Sala Paulo VI. “A paciência de tolerar: tolerar as dificuldades e tolerar também os outros, que às vezes são tediosos ou nos causam dificuldades”.

Francisco continuou o ciclo de catequeses sobre “a paixão pela evangelização: o zelo apostólico do crente”, centrando-se na vida de Santa Catarina (Kateri) Tekakwitha, a primeira santa nativa da América do Norte.

Catarina nasceu em 1656 no interior do Estado de Nova York, de um chefe Mohawk não batizado e de uma mãe cristã Algonquiana. Sua mãe transmitiu-lhe os fundamentos da fé, ensinando-a a rezar e a cantar hinos a Deus no dialeto familiar.

Francisco disse que a vida de Catarina foi marcada por dificuldades e desafios, desde a epidemia de varíola que assolou a sua família e deixou cicatrizes no seu rosto e problemas de visão, até as perseguições e ameaças que enfrentou após o batismo. Contudo, o seu amor pela cruz e a sua paciência diante das dificuldades levaram-na a encontrar refúgio e força na fé para continuar o seu testemunho.

“Com efeito, o testemunho do Evangelho não consiste apenas no que é agradável; devemos também saber carregar as nossas cruzes quotidianas com paciência, confiança e esperança”, disse o papa Francisco.

Ele falou da importância da paciência como virtude cristã, convidando todos a não desanimar diante das dificuldades e a abrir o coração a Jesus nos momentos de desafio.

“Quando encontramos dificuldades para viver e anunciar o Evangelho, podemos ser tentados a desanimar, a refugiar-nos nas nossas certezas ou a fechar-nos em pequenos grupos que pensam como nós. A vida de Catarina Tekakwitha mostra-nos que cada desafio pode ser superado, se abrirmos o coração a Jesus, que nos concede a graça de que precisamos: paciência e coração aberto a Jesus, eis uma receita para viver bem!”, observou.

Atrair é próprio da santidade

Catarina viveu a sua fé com compromisso, participando na missa, rezando o terço e servindo aos outros, especialmente aos doentes e idosos na missão jesuíta perto de Montreal.

“Estas suas práticas espirituais impressionaram todos na Missão; reconheciam em Catarina uma santidade que atraía, porque nascia do seu profundo amor a Deus. Atrair é próprio da santidade. Deus chama-nos por atração”, disse o papa Francisco.

Catarina, disse Francisco, também escolheu a entrega total a Deus fazendo o voto de virgindade perpétua, sinal de zelo apostólico que leva cada cristão a comprometer-se com a sua vocação e missão cotidiana.

“É claro que nem todos são chamados a fazer o mesmo voto de Catarina”, disse o papa. No entanto, destacou que o exemplo de Catarina ensina que a fé se expressa no serviço humilde e amoroso a Deus e ao próximo.

Santidade na vida cotidiana

Segundo Francisco, a santidade se encontra nas ações ordinárias vividas de forma extraordinária. “A fé não é para nos enganarmos a nós mesmos, à alma: não, é para servir”, disse.

A vida de santa Catarina Tekakwitha é uma história de amor silencioso e de compromisso com o Evangelho. Assim, o papa recordou as últimas palavras da santa: “Jesus, eu te amo”. Palavras que refletem a sua íntima relação com Deus e seu desejo de viver cada dia em testemunho fervoroso.

Na sua conclusão, o papa Francisco exortou todos a seguirem o seu exemplo, encontrando a santidade na vida cotidiana e partilhando a beleza da mensagem cristã com alegria e devoção.

“Não nos esqueçamos: cada um de nós é chamado à santidade, à santidade de todos os dias, à santidade da vida cristã comum. Cada um de nós tem esta vocação: vamos em frente ao longo deste caminho. O Senhor não nos abandonará”, concluiu o papa Francisco.