O governo na Nicarágua expulsou seis jesuítas de sua casa em Manágua, apesar de apresentarem provas de propriedade, disse no sábado (19) a Província Centro-Americana da Companhia de Jesus.

"No início da tarde do dia 19 de agosto, a polícia nicaraguense compareceu junto com membros do judiciário à casa dos jesuítas, a residência Villa Carmen (ao lado da Universidade Centro-Americana, mas de propriedade da Companhia de Jesus), para exigir seu despejo argumentando que esta casa também é propriedade do Estado da Nicarágua”, disse o comunicado divulgado na noite de sábado (19).

Os membros da comunidade religiosa entregaram às autoridades “a documentação do título de propriedade que afeta a casa como bem diverso da UCA e propriedade da Companhia de Jesus”, diz a ordem jesuíta. No entanto, essas provas foram ignoradas pelos agentes, que ignoraram a documentação e ordenaram que os jesuítas abandonassem o local.

Perante a situação, os seis membros da comunidade cumpriram as ordens e retiraram-se sem incidentes, levando consigo apenas alguns objetos pessoais.

Os jesuítas despejados estão atualmente na Comunidade de Santo Ignacio, em Manágua, aonde chegaram em segurança.

“Condenamos veementemente este ato de violência contra nossa comunidade e reafirmamos nossa confiança de que o Senhor da História continuará protegendo os jesuítas da Nicarágua durante este período difícil”, diz o comunicado da Província da América Central da Companhia de Jesus.

A Conferência dos Provinciais Jesuítas da América Latina e Caribe (CPAL) disse em comunicado que "este é mais um ato de um espetáculo onde a verdade, a justiça e o respeito aos direitos inalienáveis ​​dos seres humanos enfrentam medidas que buscam silenciar as vozes que se levantam e apoiam a luta por um país onde sejam respeitados os direitos de todos, sua integridade e sua busca por viver livremente em seu próprio país”.

O despejo dos seis jesuítas ocorre quatro dias depois que o governo do presidente Daniel Ortega, ex-líder guerrilheiro de esquerda que soma mais de trinta ano no poder, expropriou todos os bens da UCA da Companhia de Jesus, alegando que é um "centro de terrorismo".

O fechamento da universidade fundada em 1960 pelos jesuítas deixou mais de 9,5 mil alunos sem acesso à educação e recebeu condenação nacional e internacional.

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