Magisterium AI é uma nova plataforma de inteligência artificial que, segundo seu site, “torna o ensinamento da Igreja Católica acessível como nunca antes” e que, como o próprio nome indica, é alimentada com documentos do Magistério eclesial.

“Com uma rede cada vez mais ampla de parceiros em todo o mundo e acesso a fontes únicas de informação católica que ainda não estão disponíveis na web, continuamos ampliando o banco de dados de formação do Magisterium AI para torná-la mais inteligente e útil”, diz o site.

A plataforma foi criada pela Longbeard, uma empresa de tecnologia com sede em Roma, que se dedica ao marketing digital e ao design e desenvolvimento de produtos digitais. Entre a carteira de clientes da empresa estão organizações da Santa Sé, como o Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral e a Fundação Observatório do Vaticano; também organizações conhecidas do mundo católico, como a arquidiocese de Los Angeles, o ministério Word on Fire e os Cavaleiros de Colombo.

Segundo o  site oficial, Magisterium AI pode ser útil para explicar conceitos teológicos complicados em linguagem simples, para responder a perguntas ou contextualizar informações e para análise primária de fontes, ou para sacerdotes prepararem suas homilias.

A plataforma possibilita “praticar conversas” e explica que esta função pode ser de grande utilidade para os usuários “que estão estudando para entrar na Igreja ou se preparando para os sacramentos, pois podem usar o Magisterium AI com o objetivo de simular conversas que poderiam ter com clérigos ou outras pessoas”.

A plataforma está em versão beta e embora esteja otimizada para ser usada em inglês, também pode responder em: espanhol, francês, alemão, italiano, russo, chinês, português, holandês e coreano. As chances de encontrar erros em respostas não escritas em inglês são maiores.

Os desenvolvedores alertam que, embora o Magisterium AI possa fornecer informações e contexto valiosos, “não deve ser o único recurso para alguém que tenta entender os ensinamentos católicos”, e acrescentam que “é sempre bom consultar fontes confiáveis, participar de discussões com pessoas especialistas e líderes da Igreja bem formados, e ler fontes primárias como o Catecismo da Igreja Católica”.

“A Inteligência Artificial não tem profundidade humana”

Mauricio Artieda, diretor-geral da Catholic-Link, um site católico com recursos para o apostolado, e especialista nessas realidades, através de um vídeo em uma conta do Instagram, disse que o Magisterium AI “é um grande avanço”.

Artieda disse à ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI, que a plataforma é confiável e segura, pois “não pode inventar informação, nem vai confundir as pessoas, porque obtém suas respostas elaborando, conectando e relacionando ideias com base em seu treinamento que consiste em mais de dois mil textos da Igreja Católica”.

No entanto, ele diz que “todas as inteligências artificiais estão nos estágios iniciais de seu desenvolvimento, por isso podem estar erradas”, e acrescenta que “o usuário tem a função de comprovar que essa informação esteja correta”.

Para Artieda, Magisterium AI é muito atrativo, porque “não tínhamos uma plataforma deste tipo, fechada e totalmente católica”. Ele acrescenta que “as vantagens da inteligência artificial são muitas e depende de cada uma das ferramentas”. O diretor-geral de Catholic-Link está convencido de que com estas novas tecnologias se quebram muitas barreiras que se apresentavam à evangelização.

“É uma grande economia de tempo fazer uma pergunta e, em questão de segundos, a inteligência artificial me diz em qual documento da Igreja está o que estou procurando”, diz ele. “Essas ferramentas, juntamente com a mente humana, desenvolverão ainda mais a riqueza intelectual da Igreja”, acrescenta.

Artieda acha que devemos ter cuidado com a inteligência artificial, porque “se não a limitarmos, pode causar muitos estragos”. E referindo-se às funções criativas dessas plataformas, diz que é possível que criem "falsificações profundas (deep fakes), que é preciso saber regular" porque "podem ser usadas ​​para o mal".

Artieda fala com precaução das “funções humanas” dessas ferramentas, dizendo que, no futuro, a inteligência artificial poderia substituir as pessoas para fazer tarefas tão delicadas como "criar filhos ou fazer justiça". Segundo ele, essas plataformas "nunca serão capazes de compreender o que é a misericórdia, por exemplo. É aí que vamos ter problemas muito sérios". Se, a certo ponto, "tentarmos atribuir funções humanas à inteligência artificial, acabaremos por nos desumanizar", diz.

“Não se deve ter muito medo da inteligência artificial”, conclui Artieda, “porque sua criatividade é limitada porque não é apoiada por experiências ou emoções. Ela carece de profundidade humana."

O uso responsável da inteligência  artificial, "mais urgente do que nunca agora que tem um impacto cada vez mais profundo na atividade humana", será tema do 57ª Dia Mundial da Paz 2024, que será em 1º de janeiro do próximo ano, anunciou o Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral.

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