A prelazia da Opus Dei manifestou a sua "discordância" e "descontentamento" com as "ofensas" cometidas contra o papa Francisco num recente artigo de opinião publicado pelo jornalista Salvador Sostres no jornal espanhol ABC.

Numa carta dirigida ao diretor do ABC, o padre Ignacio Barrera Rodríguez, vigário da prelazia na Espanha, disse que "a Opus Dei está e estará sempre unida ao papa e aos bispos em comunhão com ele", por isso “sente dor pelas ofensas que lhe são feitas”.

O padre Barrera Rodríguez referiu-se ao artigo Esto se ha llenado de patanes”, publicado por Sostres no jornal espanhol de 12 de agosto, e lamentou que o jornalista "faça uma interpretação do governo da Igreja, do papa, do presidente da Conferência Episcopal Espanhola e da Opus Dei com a qual não tenho outra escolha senão expressar minha insatisfação e repulsa”.

Em seu artigo, Sostres se refere às reformas feitas pelo papa no ano passado como um "ataque populista, montonero (...)" à Opus Dei.

“A Obra é a elite da Igreja e Francisco a persegue porque não atinge seu nível intelectual ou espiritual”, acrescenta.

Sostres diz que "o peronismo queimou a alma" do papa, que a "cúpula" da Conferência Episcopal Espanhola (CEE) está "preocupada em permanecer no poder" e que o cardeal Juan José Omella, arcebispo de Barcelona e presidente da CEE, está "conspirando contra a Obra".

Em sua carta ao diretor do ABC, o vigário da Opus Dei na Espanha disse que não tem "nenhuma relação com o autor do citado artigo, como alguns me insinuaram e me vi obrigado a desmentir".

O padre Ignacio Barrera Rodríguez disse que “a Opus Dei trabalha com pessoas de todas as classes sociais, em mais de 60 países, em todos os lugares segundo a hierarquia do lugar e com o papa”.

As reformas do papa Francisco na Opus Dei

Fundada por são Josemaria Escrivá, em 2 de outubro de 1928 e erigida como prelazia pessoal em 28 de novembro de 1982 por são João Paulo II, a Opus Dei está desde março de 2022 no centro de uma série de reformas determinadas pelo papa Francisco.

A mais recente, datada de 8 de agosto deste ano, equipara as prelazias pessoais às associações clericais públicas que têm faculdade para incardinar clérigos.

Há pouco mais de um ano, em 22 de julho de 2022, com o motu proprio Ad charisma tuendum (“Para proteger o carisma”), o papa Francisco transferiu as competências em matéria de prelazias pessoais do Dicastério dos Bispos para o do Clero, e determinou que o prelado não será bispo.

Dom Álvaro del Portillo e dom Javier Echevarría, os dois primeiros sucessores de são Josemaría à frente da Opus Dei, foram nomeados bispos por são João Paulo II. O atual Prelado, monsenhor Fernando Ocáriz, não é bispo, mas tem o título honorário de "monsenhor".

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