Adam Smith-Connor, veterano do Exército, se declarou "inocente" em audiência ontem (9) das acusações criminais de rezar em silêncio perto de um centro de aborto.

Recebida a declaração, o juízo de primeira instância de Poole marcou o início do julgamento para novembro próximo.

“Os fatos do meu caso são claros”, disse Smith-Connor. “Sou acusado de violar a zona de segurança (buffer zone) de uma clínica de abortos ao rezar por meu filho Jacob e outras vítimas de aborto, por suas famílias e pela equipe da clínica de abortos em Ophir Road Bournemouth".

“Não me aproximei de ninguém, não falei com ninguém, não violei a privacidade de ninguém”, continuou o réu. “Eu só fiquei em silêncio. Estou sendo julgado pelos pensamentos de oração que tive em minha cabeça".

Em janeiro de 2023, Smith-Connor foi multado por rezar perto de uma clínica de aborto em Ophir Road, Bournemouth, sul da Inglaterra. Naquele dia, o veterano foi abordado por um agente de segurança enquanto rezava em silêncio pelo filho, que morreu num aborto há 22 anos.

Segundo os regulamentos locais do Conselho de Bournemouth, Christchurch e Poole, perto de um centro de aborto é proibido “protestar, ou seja, envolver-se em um ato de aprovação/desaprovação ou tentativa de ato de aprovação/desaprovação, em relação a assuntos relacionados a serviços de aborto, por qualquer meio".

Jeremiah Igunnubole, consultor jurídico da Alliance Defending Freedom (ADF), de defesa jurídica da liberdade religiosa, lamentou que "é a terceira vez este ano que nós da ADF UK defendemos um cidadão que enfrenta acusações simplesmente por seus pensamentos, exercidos em um espaço público”.

“Os cidadãos deste país devem ser igualmente livres para pensar sobre o importante problema social do aborto e como isso afetou suas vidas e as vidas de seus entes queridos. E em qualquer democracia que respeite a liberdade religiosa, todos devem poder rezar ao Deus que adoram, nada menos que na privacidade de suas próprias mentes”, continuou ele

Segundo Igunnubole, ao permitir processar “a oração silenciosa, estamos navegando em águas perigosas no que diz respeito à proteção dos direitos humanos no Reino Unido".

“Tanto a lei nacional quanto a internacional há muito estabeleceram a liberdade de pensamento como um direito absoluto no qual o Estado nunca deve interferir”, comentou o consultor jurídico da ADF UK.

Isabel Vaughan-Spruce, que foi presa por rezar mentalmente em circunstâncias parecidas no início deste ano, também compareceu à audiência de ontem (9) para apoiar Smith-Connor.

“As zonas de segurança são uma afronta às mulheres e uma afronta à sociedade. Criminalizam as ofertas de caridade e colocam pessoas inocentes como Adam no banco dos réus pelos pensamentos que têm na sua cabeça".

Confira também: