Ontem (6) no voo de volta da JMJ Lisboa 2023, o papa Francisco respondeu por que não fez a leitura de uma oração de uma oração em Fátima que consagrava a Igreja e os “países em guerra” à Bem-Aventurada Virgem Maria cujo texto havia sido divulgado. “Eu orei, eu orei. Rezei a Nossa Senhora e rezei pela paz. Eu não anunciei isso, mas orei. E devemos repetir continuamente esta oração pela paz”, disse Francisco.

O papa disse que não quis “anunciar” sua oração particular.

“Ela [Nossa Senhora] fez este pedido durante a Primeira Guerra Mundial. E desta vez apelei para Nossa Senhora e rezei. Eu não anunciei.”

No ano passado, o papa Francisco consagrou a Rússia e a Ucrânia à Bem-Aventurada Virgem Maria na Basílica de São Pedro com uma oração pedindo paz no mundo, um mês após a invasão em grande escala da Ucrânia pela Rússia, pedindo a todos os bispos do mundo que se unam a ele.

Imediatamente após a visita do papa no sábado (5) de manhã a Fátima, onde ele optou por simplesmente rezar uma “Ave Maria” em vez de ler uma oração de consagração preparada, a Santa Sé publicou um trecho da oração na conta oficial do papa Francisco no Twitter, agora conhecida como X.

 

 

 

 

A oração omitida foi uma das muitas ocasiões em que o papa se desviou de seus discursos preparados durante a Jornada Mundial da Juventude em Portugal, de 1° a 6 de agosto. Ao observar quantas vezes o papa havia feito isso, um jornalista perguntou a ele sobre sua saúde e sua visão, em particular.

“Minha saúde está bem”, respondeu o papa Francisco, explicando que cortou um de seus discursos porque “havia uma luz na minha frente e eu não conseguia ler”.

Em outros casos, ele disse que encurtou ou mudou suas homilias com base na resposta de seu público.

“Quando falo, não faço homilias acadêmicas, mas tento ser o mais claro possível”, explicou.

“Você notou que eu fiz algumas perguntas e imediatamente o feedback me mostrou aonde estava indo, se estava errado ou não”, disse ele. “Os jovens não têm um longo período de atenção. Pense bem: se você fizer um discurso claro com uma ideia, uma imagem, um afeto, eles podem te acompanhar por oito minutos.”

O papa compartilhou suas impressões sobre a Jornada Mundial da Juventude – a quarta que ele participou como papa.

O público em Lisboa, observou ele, foi “impressionante”, apontando para estimativas de que 1,4 milhão ou mais compareceram à vigília da noite de sábado (6). Além deste evento juvenil ser “o mais numeroso” foi o “mais bem preparado”, acrescentou.

“Os jovens são uma surpresa. Os jovens são jovens, agem como jovens, a vida é assim. Mas eles estão tentando seguir em frente. E eles são o futuro. A ideia é acompanhá-los”, disse.

“O problema é saber acompanhá-los”, continuou o papa. “E isso é que eles não devem se separar de suas raízes. Por isso insisto tanto no diálogo entre velhos e jovens, entre avós e netos. Esse diálogo é importante, mais importante do que o diálogo entre pais e filhos. Os avós, as raízes. Os jovens são religiosos. Buscam a fé, não algo artificial... Buscam o encontro com Jesus”.

“Algumas pessoas dizem: 'Mas os jovens nem sempre vivem a vida de acordo com a moralidade'. Mas quem de nós não cometeu um erro moral em sua vida? Todo mundo já cometeu”, acrescenta.

“Deve haver mandamentos. Cada um de nós tem suas próprias quedas em nossa própria história. A vida é assim. Mas o Senhor está sempre esperando por nós porque ele é misericordioso e [Ele] é Pai e a misericórdia vai além de tudo”, disse.

Durante a coletiva de imprensa de 25 minutos a bordo, o papa Francisco enfatizou que a saúde mental e o suicídio são questões sérias enfrentadas pelos jovens hoje e que ele não acredita que isso seja discutido o suficiente pela mídia.

O papa revelou que um jovem lhe confidenciou (não no contexto da confissão) que havia pensado em cometer suicídio no ano passado.

“O suicídio juvenil é uma questão importante hoje”, acrescentou o papa.

“Tantos jovens estão ansiosos e deprimidos… Em alguns países que são muito, muito exigentes na universidade, jovens que não conseguem obter um diploma ou encontrar um emprego, (e) cometem suicídio porque sentem muita vergonha”.

Na coletiva de imprensa, o papa Francisco também abordou o pertencimento à Igreja Católica e o acesso aos sacramentos. Um jornalista recordou as palavras do próprio papa durante a cerimônia de boas-vindas da Jornada Mundial da Juventude em 3 de agosto, que “na Igreja há lugar para todos, para todos”, e perguntou por que mulheres e homossexuais não podem ter acesso a todos os sacramentos.

O papa Francisco disse que a questão diz respeito a dois aspectos diferentes da eclesiologia: o pertencimento à Igreja e seus regulamentos.

“O que você diz é uma simplificação: 'Ele não pode participar dos sacramentos'. Isso não significa que a Igreja esteja fechada”, disse Francisco.

Ele enfatizou que a Igreja acolhe a todos, inclusive os homossexuais.

“O Senhor é claro: os doentes e os sãos, os velhos e os jovens, os feios e os bonitos, os bons e os maus. Até a [pessoa] imoral, que é ruim, mas o imoral também”, disse.

O papa Francisco descreveu a Igreja como uma mãe que guia seus filhos no amadurecimento da fé por meio da oração, do diálogo interior e do diálogo com os pastores.

“No [ministério], uma das coisas importantes é a paciência: acompanhar as pessoas passo a passo em seu caminho para a maturidade”, disse ele. “Cada um de nós faz esta experiência: que a Mãe Igreja nos acompanhou e nos acompanha em nosso próprio caminho de amadurecimento”.

“Não gosto da redução”, acrescentou. “Isso não é eclesial, é gnóstico… Um certo gnosticismo que reduz a realidade eclesial, e isso não ajuda. A Igreja é 'mãe', acolhe a todos, e cada um faz o seu caminho dentro da Igreja, sem propaganda, e isso é muito importante”.

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