O padre dominicano Nelson Medina, conhecido pelo apostolado que faz na Internet, disse que na Jornada Mundial da Juventude (JMJ) Lisboa 2023, que começou ontem (1º) em Portugal, os jovens têm o direito de “encontrar a plenitude do Evangelho”.

Medina, que é doutor em Teologia Fundamental, disse que os jovens que se esforçaram para chegar a Lisboa devem receber "o prêmio por seus esforços com uma jornada alegre de evangelização".

Os jovens peregrinos, continuou o padre colombiano, "têm o direito —escutem a linguagem que eu uso— de encontrar-se com a plenitude do Evangelho, não com um Evangelho manipulado que no fundo é um insulto ao coração das pessoas, mas com aquele Evangelho belo que a todos os que somos pecadores, a todos nós, chama-nos à conversão”.

O padre publicou um áudio na segunda-feira (31), intitulado “Acaso somos inimigos da JMJ?”, no qual responde aos ataques recebidos por questionar a presença na JMJ Lisboa 2023 do padre jesuíta James Martin, que defende mudanças na moral sexual cat´´olica para aceitar a homossexualidade.

O padre Medina lembrou que após questionar a presença do jesuíta na JMJ, recebeu respostas, “muitas delas agressivas”, acusando-o de excluir pessoas e de atacar a JMJ e o papa, gerando também divisão na Igreja.

“Se há uma pessoa que só fala em acolher, acolher, acolher e nunca fala da necessidade de conversão de uma realidade objetivamente desordenada, é esse o ensinamento da Igreja? É nisso que a Igreja acredita? Não, não é”, disse Medina.

“Nada é mais inclusivo do que o Evangelho bem entendido, como disse são Paulo: todos nós estamos incluídos no regime do pecado, mas agora somos chamados a nos incluir todos no regime da conversão. Essa é a inclusão autêntica”, disse o padre.

“Se a linguagem da conversão desaparece da pregação da Igreja, da JMJ, devemos ficar calados? Isso seria ser ecumênico, acolhedor, fraterno? Que tipo de fraternidade é essa? É essa a fraternidade que o Novo Testamento nos ensina? Acolher sem chamar à conversão é confirmar no pecado, e Deus não quer isso, isso não agrada a Deus”, disse o padre.

“Acolhemos as pessoas, mas as chamamos à conversão, e há uma desordem objetiva em toda prática sexual que não seja a sexualidade vivida no sacramento do matrimônio. Esse é o ensinamento da Igreja, isso não é o Nelson Medina. Isso não é João Paulo II, é o ensinamento da Igreja”, continuou.

Embora não tenha mencionado o seu nome, Medina recordou também algumas declarações de dom Américo Aguiar, responsável pela JMJ de Lisboa e futuro cardeal, que recentemente disse, falando da presença ali de pessoas de outras crenças religiosas: "Nós não queremos converter o jovem a Cristo nem à Igreja Católica nem nada disso, absolutamente”.

A esse respeito, o padre colombiano disse: “Não estamos criando divisão, pelo contrário, queremos que seja curada a divisão que cria uma mensagem confusa. Se as JMJ foram (criadas) para evangelizar e alguém começa a dizer que não é para evangelizar, é essa mensagem que está dividindo”.

Após comentar que as JMJ foram inspiradas por são João Paulo II, o padre disse que seu objetivo não é apenas o diálogo e a fraternidade, mas “que os corações escutem a mensagem de Cristo. Jesus Cristo é o centro da JMJ. É um dos maiores acontecimentos, mais massivos no melhor sentido da palavra, de evangelização. Esse é o significado."

“Tanto é verdade que muitas vocações, especialmente contemplativas, nasceram da JMJ. Ou seja, neste contexto de fervor, de oração, com os olhos postos em Cristo, homens e mulheres sentiram-se chamados a servir com o sacerdócio, a dar a vida num mosteiro de clausura. Conheço várias pessoas, vocações magníficas de padres, de monjas de clausura que receberam seu chamado em uma JMJ”, disse o padre.

“Como não apreciar esse tesouro! Como não o valorizar! Como não o proclamar! A JMJ é um tesouro! Nós o dissemos. Mas como todo tesouro, há que saber guardá-lo, porque se na Jornada deve-se mostrar que há encontro, escuta e confirmação da fé, isso deve ser cuidado”.

O padre colombiano perguntou então: "se algo que é um instrumento precioso de evangelização é tomado e desfigurado, devemos ficar calados? Devemos ficar calados para que não se diga que sou excludente, que estou criando divisões?”

“Se alguém quer mudar isso, quem está introduzindo a divisão? E não me refiro apenas a um bispo, me refiro a toda uma mentalidade”, concluiu.

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