O arcebispo de Durango, México, dom Faustino Armendáriz, eleito para participar do Sínodo da Sinodalidade em outubro deste ano, falou recentemente da importância de acolher as pessoas que se identificam como LGBTQ+ (lésbicas, gays, bissexuais, transexuais, queer e outros), mas sem ceder à ideologia de gênero.

Ideologia de gênero é a militância política baseada na teoria de que a sexualidade humana independe do sexo e se manifesta em gêneros mais variados do que homem e mulher.

A ideia contraria a Escritura que diz, no livro do Gênesis 1, 27: “Deus criou o ser humano à sua imagem, à imagem de Deus o criou. Homem e mulher Ele os criou”, na tradução oficial da CNBB.

O Catecismo da Igreja Católica diz, no número 369: “O homem e a mulher foram criados, quer dizer, foram queridos por Deus: em perfeita igualdade enquanto pessoas humanas, por um lado; mas, por outro, no seu respectivo ser de homem e de mulher. «Ser homem», «ser mulher» é uma realidade boa e querida por Deus: o homem e a mulher têm uma dignidade inamissível e que lhes vem imediatamente de Deus, seu Criador. O homem e a mulher são, com uma mesma dignidade, «à imagem de Deus». No seu «ser homem» e no seu «ser mulher», refletem a sabedoria e a bondade do Criador.

A primeira fase do Sínodo da Sinodalidade começou em outubro de 2021 em todas as dioceses do mundo. Após a etapa continental, seguirá em duas sessões globais: a primeira de 4 a 29 de outubro de 2023 e a segunda em outubro de 2024.

Dom Armendáriz falou à ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI, sobre algumas polêmicas em torno do Sínodo, como a inclusão de pessoas que se autodenominam "LGBTQ+". Ele disse que a única forma de abordar "estas questões é a partir da fé e do Evangelho".

“Para evangelizar devemos atendê-los, respeitá-los, mas de forma alguma assumir ideologias de gênero que às vezes se impõem de forma inclusive agressiva”, disse o arcebispo.

Dom Armendáriz deixou claro que a Igreja deve estar a serviço de todos os seus membros, por meio de “um diálogo respeitoso, uma escuta paciente, mas ao mesmo tempo uma escuta que nos dê a oportunidade de dialogar”.

“Nesse sentido, no sínodo teremos que dialogar sobre isso: como podemos nos ajudar mais? Como deixar que eles também falem? Escutá-los? O que eles querem para conhecer mais a Deus? É uma questão de batizados, é uma questão de compartilhar de igual para igual, cada um na sua trincheira e no seu trabalho”, disse Armendáriz.

Sobre o Sínodo da Sinodalidade

Dom Armendáriz disse que a Igreja Católica fez um “processo de consulta sinodal”.

“Não só entendemos a sinodalidade, porque não é um tema, mas a praticamos”, disse.

Para o arcebispo mexicano a sinodalidade não é uma inovação dentro da Igreja. “Não é que seja algo novo, mas devemos praticá-la mais, e o papa nos diz que deve se tornar um modo de vida e não um tema a ser discutido".

Para o papa Francisco, continuou Armendáriz, “a sinodalidade é vista como um esforço para promover a comunhão e é sinônimo de caminhar juntos”. “A ideia é que o protagonista seja o Espírito Santo, e não as pessoas que constituem a Igreja”.

Nas palavras de dom Armendáriz, a chave da sinodalidade está na escuta e no diálogo: “Ter metodologias concretas de evangelização para nós significa sair ao encontro dos outros. E uma das minhas propostas é realmente a evangelização fora dos templos, de forma que não clericalizemos a sinodalidade e a vivamos apenas nos grupos onde está nossa zona de conforto, mas que a gente vá muito além”.

“As estruturas eclesiásticas devem ser sinodais e orientadas para o serviço. O papa Francisco exortou as dioceses a 'sair às ruas', de acordo com seu documento A alegria do Evangelho [Evangelii gaudium]”, disse Armendáriz, referindo-se à necessidade de ouvir as Igrejas locais para praticar a sinodalidade.

“A única maneira pela qual a Igreja pode se fortalecer neste processo sinodal é sendo uma Igreja em saída”, concluiu.

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