O governo da Nicarágua bloqueou os fundos de aposentadoria dos padres aposentados, segundo denúncia da advogada e pesquisadora Martha Patricia Molina.

“Os padres mais velhos não estão recebendo suas aposentadorias do fundo nacional de seguro sacerdotal, fruto de anos de contribuição, devido ao bloqueio de contas bancárias para a Igreja Católica”, escreveu Molina na rede social X (antes conhecida como Twitter), autora do relatório “Nicarágua, uma Igreja perseguida?”, que relata mais de 500 ataques contra a Igreja no país desde 2018, quando padres e bispos apoiaram protestos contra o governo do presidente Daniel Ortega. Ortega, ex-líder guerrilheiro de esquerda, soma 30 anos no poder na Nicarágua.

“O fundo nacional de seguro sacerdotal é uma instituição que foi criada há mais de 20 anos pela CEN (Conferência Episcopal da Nicarágua), pensando em um fundo de aposentadoria para padres. Não é propriamente um seguro, porque não cobre questões de saúde ou outras questões de Segurança Social. Destina-se a ser um fundo de aposentadoria”, disse Molina, segundo o jornal nicaraguense Confidencial Digital.

O fundo recebe US$ 150 por ano de padres ativos, paróquias e instituições da igreja, além do que é arrecadado nas coletas da Quarta-feira de Cinzas.

Segundo Molina, vários padres aposentados relataram que foram notificados de que o dinheiro estava bloqueado. A CEN não se pronunciou sobre este novo ataque do governo de Ortega.

Desse fundo, uma pensão de US$ 300 é dada aos padres com 75 anos ou mais e US$ 150 para sacerdotes com 65 anos ou mais.

“Este fundo funcionou por mais de 20 anos sem complicações. Entre as últimas medidas desastrosas da ditadura contra as contas da Igreja Católica, eles desativaram esse fundo, de forma que os padres mais velhos não estão conseguindo receber suas pensões. Esta é uma das condições mais dramáticas da situação atual”, acrescentou Molina.

Em maio deste ano, o regime havia ordenado o congelamento das contas bancárias das paróquias e dioceses da Nicarágua; para depois ordenar algo semelhante, mas com os padres em junho.

O governo ordenou recentemente o confisco dos bens dos 222 ex-presos políticos deportados para os EUA, que já haviam perdido a nacionalidade nicaraguense.

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