No sábado (15), o padre jesuíta Johan Verschueren, superior do padre Marko Rupnik, anunciou a expulsão do padre da Companhia de Jesus devido à sua "recusa obstinada" em responder às denúncias de abuso sexual.

O padre esloveno Marko Rupnik, que também foi excomungado por atender a confissão de uma de suas vítimas, teve até sexta-feira (14), para apelar, de acordo com as normas canônicas. Como não apelou, está oficialmente fora da ordem.

O padre, que teria abusado física e psicologicamente de várias freiras durante sua estada na Comunidade Loyola na Eslovênia e também em Roma, deixou a ordem sem dar qualquer explicação tanto aos seus superiores quanto às vítimas.

Defesa do Centro Aletti

Dois dias após a publicação do comunicado jesuíta, o Centro Aletti, fundado por Rupnik em Roma, divulgou uma carta em defesa do padre.

O texto diz que, em 21 de janeiro deste ano, foi o próprio Rupnik quem apresentou à Companhia de Jesus, “observando todas as condições canônicas exigidas, um pedido para poder deixar a ordem”.

A carta diz que isso ocorreu porque "a confiança em seus superiores havia cessado completamente, uma vez que eles, infelizmente, deram repetidas provas de favorecer uma campanha de mídia baseada em acusações difamatórias e não comprovadas”.

Segundo os membros do centro artístico, a Companhia de Jesus deveria ter fornecido à imprensa "informações corretas baseadas em fatos e documentos, em seu poder, que demonstram uma verdade diferente da que foi publicada".

Além disso, a carta diz que “pelos mesmos motivos de desconfiança em relação aos superiores, os demais jesuítas do Centro Aletti também pediram indulto para sair da Companhia e aguardam a conclusão do respectivo processo, para continuarem o exercício do seu ministério sacerdotal".

A Santa Sé não fez nenhuma declaração a esse respeito. Durante uma entrevista em janeiro, o perguntou-se ao papa Francisco se teve algum papel na decisão do caso do padre Marko Rupnik. Ele respondeu: "Nada".

“Estive em um pequeno processo, que chegou à Congregação da Fé no passado. Mas nada aconteceu comigo. Que continue com o tribunal normal, com o tribunal normal, porque senão os caminhos processuais dividem-se e tudo se confunde”, disse.

O caso Rupnik

O padre Marko Rupnik é cofundador da Comunidade Loyola na Eslovênia, que surgiu na década de 1980, onde supostamente abusou de religiosas adultas.

Após uma investigação preliminar confiada à Companhia de Jesus, a Congregação para a Doutrina da Fé (CDF) “considerou que os fatos em questão prescreveram, por isso arquivou o processo no início de outubro” de 2022, diz um comunicado dos jesuítas de 2 de dezembro.

O superior-geral da Companhia de Jesus, padre Arturo Sosa, disse em 14 de dezembro que Rupnik havia sido excomungado em maio de 2020 por ter atendido a confissão de uma das religiosas com quem manteve relações sexuais. Ao absolver sua cúmplice, o padre incorreu na excomunhão automática. A pena foi suspensa no mesmo mês.

Em dezembro de 2022, uma ex-freira que preferia que sua verdadeira identidade não fosse conhecida, contou em detalhes como foi sua "descida ao inferno" com o abuso sexual e consciencioso que sofreu do padre Rupnik.

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