A Santa Sé informou no sábado (15) a decisão do papa Francisco de nomear dom Joseph Shen Bin bipo de Xangai (China). Dom Joseph já assumiu este cargo em abril por decisão do Conselho de Bispos Chineses sem aprovação prévia da Santa Sé.

No dia 4 de abril, dom Joseph Shen Bin foi empossado bispo de Xangai, China, sem permissão da Santa Sé e por decisão da conferência episcopal do país, controlada pelo regime comunista. Ele era bispo de Haimen desde 2010.

O próprio diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Matteo Bruni, informou que somente em 4 de abril se soube da transferência do bispo chinês através dos meios de comunicação.

A decisão sem a aprovação prévia da Santa Sé viola o acordo entre a Santa Sé e a China sobre a nomeação de bispos, embora o texto do acordo permaneça secreto. Já o cargo de dom Shen como bispo de Haimen tinha sido aprovado pela Santa Sé.

O Acordo Provisório sobre a Nomeação dos Bispos na China foi estipulado entre ambas as partes em 22 de setembro de 2018 com validade de dois anos e posteriormente renovado duas vezes, a primeira em 2020 e a segunda em 2022.

“O texto é confidencial porque ainda não foi aprovado definitivamente”, disse o secretário de Estado da Santa Sé, cardeal Pietro Parolin.

A intenção do papa Francisco

Parolin falou sobre e a decisão do papa Francisco em uma entrevista transmitida pela Sala de Imprensa da Santa Sé, no sábado.

Segundo o cardeal, em novembro de 2022 aconteceu o mesmo com a nomeação de dom John Peng Weizhao, empossado como “bispo auxiliar de Jiangxi” sem reconhecimento da Santa Sé.

Segundo o cardeal, “o Santo Padre Francisco decidiu, em todo caso, sanar a irregularidade canônica criada em Xangai, em vista do bem maior da diocese e do frutuoso exercício do ministério pastoral do bispo”.

"Caso surjam situações que pareçam novas e imprevistas, procurar-se-á resolvê-las de boa fé e com prudência, relendo o que foi escrito e inspirando-se nos princípios que nortearam a sua redação", afirmou.

Também garantiu que a Santa Sé “não é contra a transferência de bispos na China” e esclareceu que o problema “surgiria se elas procedessem de maneira não consensual”.

Para o cardeal, “que todas as nomeações episcopais na China, incluindo as transferências, sejam feitas consensualmente, conforme acordado, e mantendo vivo o espírito de diálogo entre as partes.”.

“Juntos, devemos evitar situações desarmônicas que criem dissabores e incompreensões também dentro das comunidades católicas, e a correta aplicação do acordo é um dos meios para conseguir isso, juntamente com o diálogo sincero”.

O cardeal secretário de Estado disse que “é necessário que se reconheça o quanto antes uma conferência episcopal com estatutos adequados à sua natureza eclesial e à sua missão pastoral” na China.

"Os católicos chineses, mesmo aqueles definidos como ‘clandestinos’, merecem confiança, porque desejam sinceramente ser cidadãos leais e ser respeitados em sua consciência e em sua fé". Os católicos chamados de clandestinos pelo governo chinês são aqueles que se mantiveram fiéis à Igreja e não aderiram à Igreja paralela criada e controlada pelo governo comunista chinês. O acordo entre a Santa Sé e a China unificou as duas igrejas.

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