“Os votos perpétuos, como virgem consagrada significam pra mim a realização de vida, a realização da minha própria existência”, disse Marcela Kamiroski a ACI Digital sobre sua consagração, que será realizada no domingo, 16 de julho, às 10h, na catedral de Juiz de Fora (MG), pelo arcebispo, dom Gil Antônio Moreira. A celebração também será transmitida ao vivo pela WebTV “A Voz Católica”.

Marcela escolheu como lema da sua consagração definitiva um trecho da oração litúrgica da bênção do Círio Pascal: “Cristo ontem e hoje, alfa e ômega, princípio e fim. A Ele o tempo e a eternidade, a glória e o poder, pelos séculos sem fim”. Para ela, este lema “fala justamente da nossa vocação” como cristãos, “que nós somos chamados a iluminar, ser sal da terra, luz do mundo e a nossa luz vem do próprio Cristo. A dimensão dos votos perpétuos significa pra mim ser esta chama do amor de Deus em meio a nós”.

Marcela nasceu e mora em Juiz de Fora com os pais e tem dois irmãos mais velhos que são casados. Ela é estudante de Direito e atualmente estagia na sua área.

Seu caminho de vida consagrada começou em 2014, após uma crise existencial. Em janeiro daquele ano, Marcela participou de um retiro na Canção Nova, chamado Revolução Jesus e segundo ela,
nesse retiro, sentiu Jesus dizendo: “Você não vai ser feliz com nenhum homem desta terra porque eu te quero só pra mim!”.

Ela contou a ACI Digital que depois no dia seguinte ela e outros jovens tiveram um encontro com monsenhor Jonas Abib.  “Ele nos fez uma oração muito forte e também nos fazia a proposta de dar um ano da nossa vida para Deus, para que Ele pudesse então reorganizar a nossa vida, para que a gente pudesse também descobrir o chamado de Deus nas nossas vidas”, contou.

A partir daí, Marcela buscou saber mais sobre as vocações, conheceu alguns carismas, vidas consagradas, fez direcionamento com monjas Beneditinas e, baseada nos estudos de são João Paulo II, o celibato por amor ao reino dos céus. Professou “um voto privado de celibato, em 8 de dezembro de 2014, dia da Imaculada Conceição”. Em 2018, conheceu o Ordo Virginum, a ordem das virgens consagradas que vivem no mundo. Em 2020, Marcela professou seus votos temporários e os renovou por dois anos.

“Para mim, ser uma virgem consagrada é viver sendo discípulo missionário, nós podermos viver esse discipulado junto ao Mestre, que Ele mesmo nos chama a estarmos na Sua presença na Sua intimidade pra vivermos então uma missionariedade”, diz Marcela. “A consagração não é o ponto final da nossa vida vocacional, mas esse chamado a uma continuidade às dimensões de Cristo, sermos o próprio Cristo, representando e encarnando na história Jesus, que vem também trazer a salvação, a libertação, as bênçãos, as virtudes e essa continuidade nos projetos Dele. Ser virgem consagrada é ter essa dimensão do coração indiviso a Cristo, mas também vivendo as obras de misericórdia, os apostolados, a fidelidade a Cristo pra podermos também nos doarmos aos irmãos”.

A jovem mineira de 32 anos também ressaltou que seus votos perpétuos para igreja “ilumina a própria igreja sobre o sentido dela mesma”, e mostra “que a igreja está viva, a igreja gera frutos espirituais e particularmente na vocação da Ordo Virginum”.

“Somos chamados a ser este ícone da igreja e esposa, ou seja, nós que somos as virgens
carregamos as lamparinas acesas à espera do noivo, em vigilância do noivo que também todos nós somos essa igreja, e que a igreja de Cristo possa também aguardar vigilante a vinda do noivo. Então seria esse depósito da fé da igreja católica”
, explicou

Sobre a origem da ordem das virgens, Marcela disse que esta ordem “tem por fundador o próprio Jesus” e “faz uma alusão ao contexto da igreja entre os séculos I a III depois de Cristo, em que santas mulheres ofertaram suas vidas como esposas de Cristo, a exemplo de santa Filomena, santa Ágata, santa Inês, santa Cecília, santa Luzia e tantas outras mulheres”.

“O Concílio Vaticano II reanimou essa prática de consagração do início da cristandade, pra que através do próprio testemunho, as consagradas da Ordem das Virgens encorajem o mundo contemporâneo em uma vida acética e mística neste ícone da igreja esposa. Então nós somos chamadas a colocar-nos no contexto da sociedade secular como um sinal evidente da novidade do cristianismo, vivendo em sentido pascal de existência. Nós residimos com a própria família ou em casa própria, trabalhamos numa profissão, cuidamos da própria subsistência e nós nos comprometemos com a recitação diária do ofício divino, a liturgia das horas e com obras de misericórdia, na nossa própria igreja particular. E a nossa missão é iluminar, vivificar, cuidar e libertar, elaborando a cultura da fé com predileção aos pobres, sofredores e marginalizados com autêntica virtude da hospitalidade, honrando sempre a carne de Cristo. A dimensão de Jesus que é o primeiro virgem, Ele que é o virgem e nós então, alcançamos também a nossa virgindade Nele”, contou.

Para as moças que desejam trilhar este caminho, Kamiroski enfatizou:  “que elas tenham coragem de viver este sim pra sempre, e que possam também viver toda essa dimensão do amor esponsal. Que Deus não se deixa vencer em generosidade, quando mais nós nos ofertamos a Deus, mais Ele também nos dá Dele mesmo, com as bênçãos, com a paz, com a alegria, com o amor. Ele não nos tira nada, mas nos dá tudo como diz Bento XVI”.

“De fato, é um caminho de muita alegria, de muita felicidade e realização, e que, apesar de nós termos a cruz que Jesus nos concede, compartilhando também daqueles sofrimentos, de tudo aquilo que o Senhor viveu, mas nós podemos também transformar estes sofrimentos em ressurreição pra muitas almas, pra nós mesmos, pra nossa família, pra todos aqueles que estão a nossa volta. Então de fato é uma experiência de ressurreição, uma experiência de viver a Páscoa, de que Deus está realmente vivo e ele vem trazer a salvação a cada um que Dele tem essa confiança no seu amor”.

Para sua missa de votos perpétuos, como virgem consagrada, Marcela pediu que aos que quiserem presenteá-la, façam-no com a doação de alimentos não-perecíveis, pois estes serão doados ao SOS Cristão, grupo da catedral de Juiz de Fora, responsável pela arrecadação de alimentos e distribuição de cestas básicas às famílias mais necessitadas.

 

 

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