O arcebispo de Chicago, cardeal Blase Cupich, disse confiar nas intenções do Caminho Sinodal Alemão, falou contra divisões e elogiou o pontificado do papa Francisco como “histórico” com palavras cuidadosamente escolhidas para uma entrevista à mídia diocesana alemã.

Descrito pela rádio alemã Domradio em 27 de junho “como uma das principais vozes da Igreja progressista nos EUA”, Cupich também falou sobre a bênção das uniões entre pessoas do mesmo sexo.

Respondendo sobre o Caminho Sinodal Alemão, reunião entre bispos e uma organização de funcionários leigos da igreja que já propôs o fim do celibato sacerdotal a ordenação de mulheres e a mudança da moral sexual católica para aceitar o homossexualismo, o cardeal de 73 anos reconheceu que não teve nenhuma visão direta em primeira mão do processo, mas expressou sua confiança nos bispos alemães.

“Eu sei que eles têm apenas as melhores intenções. São bons pastores que fazem o possível para ouvir a voz dos fiéis, para ver seus desejos e esperanças”, disse à Domradio.

Ao mesmo tempo, Cupich alertou: Se o processo alemão é “de fato um tipo de processo parlamentar no qual os votos democráticos são primordiais, no qual os votos são contados e os argumentos são confrontados, então seria realmente difícil defendê-lo de uma perspectiva católica”.

Cupich também abordou a questão das bênçãos para uniões homossexuais, tema que tem causado controvérsia particularmente na Alemanha, onde as cerimônias de bênção para casais do mesmo sexo são realizadas, contra diretrizes da Santa Sé.

O arcebispo americano enfatizou a necessidade de respeito e clareza, afirmando: “Não queremos espalhar a mensagem de que excluímos as pessoas ou não as respeitamos. Ao mesmo tempo, precisamos nos perguntar: o que exatamente significa abençoar uma união? É abençoar uma amizade, uma união não sacramental? Precisamos definir claramente o que queremos dizer com isso. Não vejo essa clareza na Igreja neste momento”.

O cardeal também comentou sobre a superação de divisões mais amplas na Igreja e o pontificado do papa Francisco. Ele expressou seu apoio e admiração pela liderança do pontífice romano.

“A divisão sempre esteve lá. Agora talvez esteja vindo mais à tona. O Santo Padre é corajoso ao enfrentar problemas que há muito fervilham sob a superfície”, disse ele.

Cupich acrescentou: “Tenho grande confiança no curso que o Santo Padre traçou. Sei que existem vozes críticas, mas são poucas. Eles são barulhentos, mas não são muitos”.

Cupich, cardeal desde 2016 e membro do dicastério para os Bispos da Santa Sé, concluiu com um apelo à atenção e abertura.

“Não teremos futuro se não valorizarmos também o nosso presente. Para onde o Espírito Santo quer nos levar neste momento? Tenho confiança no papa Francisco. Ele quer que estejamos atentos e às vezes deixemos nossas próprias perspectivas. É precisamente nestes momentos que sentimos a graça de Deus e vemos a ação do Espírito Santo”.

Na mesma entrevista, Cupich também abordou o papel das mulheres na Igreja, principalmente em relação à pregação.

Ele observou que as vozes das mulheres já estão sendo ouvidas em alguns contextos fora da celebração da Eucaristia. “Portanto, as reflexões e pensamentos das mulheres desempenham um grande papel para a Igreja”, disse o cardeal.

No entanto, Cupich enfatizou a ligação tradicional entre a proclamação do Evangelho e a homilia proferida pelo sacerdote. Ele sugeriu que poderia haver espaço para mulheres ou leigos oferecerem reflexões em outras partes da missa, talvez após receber a comunhão.

“Devemos procurar maneiras de fortalecer essas abordagens”, disse.

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