O secretário da Santa Sé para as Relações com os Estados, dom Paul Richard Gallagher, defendeu os gestos públicos do papa Francisco para acabar com o conflito na Ucrânia. Durante a apresentação em Roma, ontem (13), do volume da revista geopolítica Limes intitulado “Lições ucranianas”, o arcebispo garantiu que o papa não propõe um “pacifismo vazio”.

Dom Gallagher quis esclarecer a posição adotada pelo papa Francisco sobre a guerra na Ucrânia e “a interpretação que tem dado às suas palavras e gestos”.

Disse que não se trata de uma simples “retórica de paz”, mas de uma corajosa “profecia de paz”. Também destacou que o papa Francisco “não quer se resignar à guerra e acredita obstinadamente na paz, convidando todos a serem seus criativos e corajosos tecelões e artesãos”.

Lamentou que o povo ucraniano, as autoridades governamentais daquela nação e representantes religiosos tenham reagido a certas declarações do papa "com profunda decepção".

Assegurou que "as palavras e os gestos públicos do papa são fatos e a sua interpretação pode ser feita com liberdade e discrição". Mas, disse que "interpretá-los como 'atos de pacifismo vazio' não faz justiça à visão e às intenções do Santo Padre".

“O que move o Santo Padre nada mais é do que a vontade de tornar possível o diálogo e a paz, inspirada no princípio de que a Igreja não deve usar a linguagem da política, mas a linguagem de Jesus”, disse dom Gallagher.

Ele também afirmou que a Santa Sé não pretende "fechar os olhos" aos crimes de guerra do exército e das autoridades russas, lembrando que o papa distingue claramente entre o agressor e o país atacado, pelo que também foi repreendido em ocasiões passadas.

Por outro lado, ressaltou que é necessário acabar com "a ideia de que não há nada a fazer, de que não há lugar para as palavras, para o diálogo criativo e para a diplomacia, que devemos resignar-nos e aceitar a continuação de amargos combates que semeiam morte e destruição”. Disse ainda esta guerra “deve ser interrompida o mais rápido possível”.

Em mais de uma ocasião, o papa Francisco expressou sua grande preocupação com a Ucrânia, que sofre invasões e ataques do exército russo desde 24 de fevereiro de 2022.

Já se tornou habitual o papa Francisco pedir orações pelo "martirizado povo ucraniano" durante as audiências gerais ou nos domingos após o Ângelus.

Também enviou em seis ocasiões o esmoleiro do papa, o cardeal Konrad Krajewski, que levou alimentos e remédios às vítimas do conflito.

Além disso, em 6 de junho, concluiu-se a missão de paz do cardeal italiano Matteo Zuppi, enviada pelo papa Francisco a Kiev, capital da Ucrânia.

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