O papa Francisco pediu que o esporte não perca sua dimensão "amadora", durante audiência concedida ontem (10) aos jogadores de futebol e à atual direção do Real Clube Celta de Vigo, da Espanha, no Palácio Apostólico do Vaticano.

O time espanhol celebrou o centenário da sua fundação com uma visita ao papa. No seu discurso Francisco exortou os atletas a manterem sempre a “dimensão amadora”, mesmo que isso lhes custe “muito trabalho”.

“Quando o desporto, neste caso o de vocês, perde esta dimensão amadora, perde o sentido, torna-se comercial ou simplesmente asséptico, sem paixão. Por favor, mantenha essa mística do 'amador'. Nunca percam a dimensão amadora”, disse o papa.

Aos jogadores comandados pelo treinador Rafael Benítez, o papa Francisco reiterou que o esporte é um motivo “para redescobrir e fomentar muitos valores de nossa sociedade”.

“Se vocês notaram, suas cores são as da Virgem Imaculada e também as da camisa argentina, quase como se nossa Mãe quisesse unir as duas margens desse grande oceano que, em vez de nos separar, nos uniu para que não a esqueçamos”, disse o papa diante dos jogadores do clube galego.

O diretor comercial do Celta de Vigo, Carlos Salvador Herrera, presenteou o papa com uma camisa do time. “O senhor Carlos me disse em sua carta que também ele teve que cruzar o Atlântico para constituir família; como tantos outros, certamente contemplou ao longe aquela bandeira azul e branca que se despediu deles da capitania do porto de Vigo”, disse o papa.

Francisco recordou os laços migratórios comuns às sociedades argentina e galega, bem como a fé, a devoção à Virgem Maria e à cruz de Santiago, também muito presentes nos símbolos do time.

“Tanto no estádio como na vida, as vossas armas, como a cruz de Santiago que os preside, são aqueles pequenos gestos aos quais às vezes não damos importância: é vencer com humildade, trabalhar em equipe sem confiar em suas próprias forças, entendendo que a vitória é de todos. O trabalho em equipe é importante: quando não se trabalha em equipe no mundo do esporte, todos perdem”, disse o papa.

Francisco disse que “o outro, mais que um adversário digno de respeito, é sempre um amigo bem-vindo. Se o nosso jogo e nossa vida coerentes derem esse exemplo, seremos capazes de transmitir, não a paixão pelas cores que excluem, mas o amor que elas representam”.

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