O padre Martin Lintner, OSM, professor de teologia moral e espiritual que foi rejeitado pela Santa Sé para o cargo de reitor de um seminário na Itália, denunciou publicamente a decisão em uma declaração pessoal publicada hoje (3) pelo Philosophical-Theological College in Brixen (PTH Brixen).

A decisão de não torná-lo reitor “lança dúvidas sobre o sucesso da sinodalidade”, disse o padre, e faz parte de um “problema institucional” maior.

O PTH Brixen é uma instituição importante na região italiana de de língua alemã e serve como centro de formação acadêmica para a diocese italiana de Bolzano-Bressanone.

Segundo um comunicado divulgado pela faculdade em 27 de junho, o veto do dicastério para a Cultura e a Educação da Santa Sé na semana passada baseou-se nos escritos publicados por Lintner sobre a moral sexual católica.

Em um artigo publicado em 2020 pelo New Ways Ministry, grupo que defende a “inclusão LGBT" na Igreja Católica, intitulado “Teólogo Sugere que o Apoio do Papa a União Civil Pode Levar a Bênçãos da Igreja”, Lintner é citado como tendo dito: “Um relacionamento homossexual não perde sua dignidade por falta de fertilidade”.

Lintner também contribuiu com um capítulo com “reflexões teológicas e éticas sobre uma cerimônia de bênção para casais do mesmo sexo” para o livro “The Benediction of Same-Sex Partnerships”.

A decisão da Santa Sé de vetar a nomeação de Lintner como reitor foi atacada pela associação teológica alemã KThF, que elogiou as contribuições de Lintner, de 50 anos, à moralidade sexual e sua “competência científica”.

Pedindo a nomeação de Lintner como reitor do seminário do norte da Itália, a associação alemã também criticou o processo de aprovação d Santa Sé, dizendo: “O procedimento nihil-obstat contradiz o espírito sinodal invocado pelo papa Francisco”.

Da mesma forma, em sua declaração divulgada na segunda-feira, Lintner afirmou: “A decisão do Vaticano contra mim... lança dúvidas sobre o sucesso da sinodalidade”.

Lintner disse que as críticas à Santa Sé eram “uma expressão de preocupação legítima com a credibilidade da teologia como ciência no contexto das universidades e da sociedade secular”.

O professor também afirmou que “a raiva e os sentimentos de desamparo estão surgindo entre muitos colegas que se depararam com problemas e obstáculos semelhantes no curso de seus trabalhos acadêmicos”.

“Também me dói ver como uma atitude crítica ou negativa em relação à Igreja é reforçada em outras pessoas”, acrescenta o padre e teólogo moral. “Aqueles que me conhecem sabem do meu sentimento de pertença à Igreja e da minha lealdade construtivamente crítica ao magistério da Igreja.”

“Esses problemas têm sido um segredo aberto por décadas e significam um fardo para os afetados, combinados com um sentimento de humilhação, com lesões emocionais a ponto de as carreiras profissionais serem permanentemente prejudicadas”, continua.

O teólogo moral enfatizou que isso “não era apenas um caso individual, mas um problema institucional”.

Apesar da decisão da Santa Sé de vetar sua nomeação como reitor, a faculdade confirmou que o mandato de Lintner para lecionar permanece intacto: “A decisão da Santa Sé é específica para sua nomeação como reitor e não influencia seus deveres de ensino ou autoridade eclesiástica”.

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