“A paz não é uma realidade que possamos alcançar sozinhos, mas é sobretudo um dom do Senhor”, disse o papa Francisco hoje (30) ao falar sobre a guerra da Ucrânia com uma delegação do patriarcado ecumênico de Constantinopla que está em Roma para as celebrações de São Pedro e São Paulo.

A paz, continuou o papa, “é um dom que requer uma atitude correspondente da parte do ser humano, e especialmente do crente, que deve participar da obra pacificadora de Deus”.

Ele manifestou a sua preocupação pela "martirizada Ucrânia". Para o papa Francisco, as guerras são um desastre total: "para os povos e as famílias, para as crianças e os idosos, para as pessoas obrigadas a deixar o seu país, para as cidades e os povos, para a criação, como vimos recentemente após a destruição da barragem de Nova Kakhovka”.

“Como discípulos de Cristo, não podemos nos resignar à guerra, mas temos o dever de trabalhar juntos pela paz”, disse o papa Francisco.

Ele lamentou que a trágica realidade desta guerra “que parece não ter fim exige de todos um esforço criativo comum para imaginar e realizar caminhos de paz, rumo a uma paz justa e estável”.

“O Evangelho mostra-nos que a paz não nasce da mera ausência de guerra, mas nasce do coração do homem. O que o impede é, de fato, a raiz maligna que carregamos dentro de nós: a possessão, o desejo de buscar egoisticamente os próprios interesses em nível pessoal, comunitário, nacional e até religioso”.

“O fechamento e o egoísmo se opõem ao estilo de Deus que, como Cristo nos ensinou pelo exemplo, é serviço e abnegação”.

“Podemos ter certeza de que, ao encarná-lo, os cristãos crescerão na comunhão recíproca e ajudarão o mundo marcado por divisões e discórdias”, disse o papa Francisco.

Segundo o papa Francisco “somos chamados a procurar juntos uma forma de exercer o primado que, no contexto da sinodalidade, esteja ao serviço da comunhão da Igreja a nível universal”.

Francisco disse que “não se pode pensar que as mesmas prerrogativas que o Bispo de Roma tem em relação à sua diocese e à comunidade católica sejam as mesmas que nas comunidades ortodoxas”.

“Quando, com a ajuda de Deus, estivermos plenamente unidos na fé e no amor, o modo como o Bispo de Roma exercerá seu serviço de comunhão na Igreja em nível universal deve resultar de uma relação inseparável entre o primado e a sinodalidade”, disse o papa.

Por isso, disse que "a plena unidade será um dom do Espírito Santo", algo que "deve ser procurado, porque a comunhão entre os crentes não é uma questão de ceder e assumir compromissos, mas de caridade fraterna, de irmãos que se reconhecem como filhos amados do Pai e, cheios do Espírito de Cristo, sabem situar as suas diferenças num contexto mais amplo”.

Confira também: