Um novo relatório sobre liberdade religiosa da fundação pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN) revelou que "um em cada três países do mundo carece de liberdade religiosa".

“O direito fundamental à liberdade de pensamento, de consciência e de religião é violado em um em cada três países (31%), ou seja, em 61 das 196 nações”, disse a fundação pontifícia em comunicado divulgado ontem (22).

A ACN diz que "quase 4,9 bilhões de pessoas, ou 62,5% da população mundial, vivem em países onde a liberdade religiosa é severamente restringida".

Marcela Szymanski, editora-chefe do relatório de liberdade religiosa da ACN, disse à ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI, que "o principal motor da perseguição religiosa no mundo é, verdadeiramente, a fome de controle total por parte do autocrata”.

"Este autocrata sempre terá medo e inveja do poder de convocação dos líderes religiosos", disse.

Os autocratas podem optar por estender a mão e “fazer amizade” com os líderes religiosos, ou dar a eles “uma responsabilidade nacional”, disse ela. Como em países “ex-comunistas, onde a igreja nacional é como um ministério” que "depende inteiramente do governante".

A outra opção que o autocrata pode tomar é “tentar eliminá-los”, com “recursos violentos ou não violentos”.

Em seu comunicado sobre a liberdade religiosa no mundo, a ACN alerta para “a aceleração das ameaças”. “As perseguições por motivos de fé se agravaram em geral e a impunidade aumentou”.

“Os governos autoritários ou autocratas em geral ganham o controle que tanto almejam” e tentam fazer com que tudo o que “lhes atrapalha, porque não é como eles, seja esquecido”. Szymanski disse à ACI Prensa. “Assim, não contentes em proibir as manifestações públicas de fé, eles também impõem sistemas de vigilância aos cidadãos, para que saibam onde estão o tempo todo”.

O relatório contempla três principais causas de perseguição religiosa no mundo. Existem os países afetados pelo extremismo muçulmano, especialmente na África.

Há os países comunistas, em que a religião é perseguida por motivos ideológicos, como Nicarágua e China. E há questões nacionalistas e étnicas envolvidas, como na Índia, Sri Lanka e Mianmar.

A ACN adverte no seu comunicado que “o silêncio da comunidade internacional contribui para esta cultura de impunidade de regimes considerados estrategicamente importantes para o Ocidente, como a China e a Índia, que acabam por não sofrer sanções internacionais ou qualquer outra consequência pelas suas violações da liberdade religiosa”.

Sobre a África, onde há um florescimento da fé católica, Marcela Szymanski disse que os jihadistas "estão muito atentos" ao crescimento da fé, "e querem destrui-la".

“Não há país ou quase nenhum país que diga que a religião oficial é o cristianismo. Por outro lado, existem muitos países que têm uma religião oficial que não é o cristianismo e que estão dispostos a matar para obter um número maior de adeptos”, disse Szymanski.

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