A irmã Lúcia de Jesus, um dos três pastorinhos videntes das aparições de Nossa Senhora de Fátima, é venerável. O papa Francisco autorizou hoje (22) a promulgação do decreto que reconhece as virtudes heroicas dela. Agora, é necessário o reconhecimento de um milagre pela intercessão da irmã Lúcia para que seja declarada beata.

Lúcia Rosa dos Santos nasceu em Aljustrel, em 28 de março de 1907, e foi batizada dois dias depois. Em suas 'Memórias', relata que em 1915 teve pela primeira vez visões de uma espécie de nuvem, com forma humana, por três ocasiões diferentes, quando estava com outras amigas.

A partir do ano seguinte, Lúcia e seus primos, os santos Francisco e Jacinta Marto, receberam as manifestações do Anjo de Portugal.

Em 13 de maio de 1917, apareceu aos três pastorinhos a Virgem Maria e, a partir de então, a vida deles se transformou completamente.  As crianças acolheram o apelo de Nossa Senhora, passaram a recitar diariamente o terço, fazer sacrifícios pelos pecadores e, durante seis meses, sempre no dia 13, comparecem ao local onde a Virgem lhes aparecia.

Além disso, Lúcia, Francisco e Jacinta passaram a ser constantemente interrogados sobre o que viram e acusados de mentirem e inventarem os acontecimentos. Mas, nada disso desanimou a fé daquelas crianças, que seguiram firmes no amor a Deus e à Nossa Senhora.

Após a morte de seus primos, Lúcia seguiu como a única guardiã da mensagem que Nossa Senhora lhes confiou. Suas memórias deixaram um importante relato sobre as aparições e mensagem de Fátima.

Aos 14 anos, Lúcia se recolheu no Asilo de Vilar, no Porto, começando assim uma vida retirada do mundo.

Em 1925, ingressou na Congregação de Santa Doroteia, na Espanha, onde teve as aparições de Tuy e Pontevedra, as aparições da Santíssima Trindade, de Nossa Senhora e do Menino Jesus.

Desejando uma vida de maior recolhimento para responder à mensagem que a Senhora lhe tinha confiado, entrou no Carmelo de Coimbra, em 1948, onde se entregou mais profundamente à oração e ao sacrifício e tomou o nome de irmã Maria Lúcia de Jesus e do Coração Imaculado.

Foi neste Carmelo que a irmã Lúcia morreu em 13 de fevereiro de 2005. Atualmente, seus restos mortais se encontram sepultados na basílica de Nossa Senhora do Rosário, no santuário de Fátima, desde o dia 19 de fevereiro de 2006.

A causa de beatificação da irmã Lúcia foi aberta em 2008, apenas três anos após sua morte, depois que o papa Bento XVI concedeu a dispensa do período canônico de espera de cinco anos para abertura do processo.

Os outros dois videntes de Fátima, Francisco e Jacinta Marto foram canonizados em 2017, pelo papa Francisco, durante a celebração do centenário das aparições marianas na Cova da Iria.

Francisco voltará ao santuário de Fátima neste ano, no dia 5 de agosto, no contexto da Jornada Mundial da Juventude. O papa vai rezar com jovens doentes na capelinha das aparições.

Outros decretos

Além das virtudes heroicas da irmã Lúcia de Jesus, o papa Francisco também autorizou hoje a promulgação do decreto que reconhece o martírio de Manuel González-Serna Rodríguez e 19 companheiros mortos “por ódio à fé” durante a Guerra Civil Espanhola em 1936.

Também foram reconhecidas as virtudes heroicas do arcebispo de Fortaleza (CE), dom Antônio de Almeida Lustosa (1886-1974); do padre italiano Antonio Pagani (1526-1589), da Ordem dos Frades Menores e fundador da Sociedade das Irmãs Demissas; da irmã Mary Lange (1794-1882), fundadora da Congregação das Irmãs Oblatas da Providência em Baltimore; e da religiosa italiana Anna Cantalupo (1888-1982), das Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo.

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