O papa Francisco enviou uma carta ao presidente da Bolívia na qual manifesta "sentimentos de vergonha e consternação" e faz a promessa de trabalhar com o governo do país sul-americano para acabar com os abusos sexuais contra menores cometidos pelo clero.

Em abril de 2023, o jornal El País acusou o jesuíta Alfonso Pedrajas Moreno, já morto, de ser o autor de vários abusos contra menores durante seu ministério. A revelação levou à exposição de vários casos de abusos na Companhia de Jesus e outras congregações religiosas.

A carta do papa, assinada em 31 de maio e dirigida ao presidente boliviano Luis Arce, é uma resposta a uma carta enviada ao papa em 22 de maio pelo presidente sul-americano. A carta do papa foi divulgada ontem (15) através da conta oficial do presidente boliviano no Twitter.

"Prezado Senhor Presidente: Eu li a sua carta e agradeço a clareza e deferência com que partilha a preocupação, indignação e rejeição, sua e dos cidadãos dessa querida Nação, pelos deploráveis ​​acontecimentos que afetaram e continuam afetando as pessoas abusadas sexualmente por membros da Igreja”, diz o papa no início de sua mensagem.

"Diante do emaranhado de maldade causada ​​por aqueles que, traindo sua missão de pais, pastores e educadores —e que, como você expressa—, cometeram 'crimes que prejudicam meninos e meninas para toda a vida, e que também prejudicam a Igreja', manifesto-lhe a minha dor e meus sentimentos de vergonha e consternação”.

Em outro ponto da carta, o papa revela que ficou “comovido e impressionado” ao pensar “nas ações desastrosas desses sacerdotes e também na negligência daqueles que deveriam ter vigiado”.

Os “ministros da Igreja devem ser 'guardiães' e garantes do bem e do futuro das jovens gerações, destacando-se por propagar as atitudes e os sentimentos que caracterizaram a presença de Jesus entre os homens”, diz o papa Francisco.

“Este problema continua sendo um dos maiores desafios para a Igreja do nosso tempo”, continua o papa.

Francisco manifestou ao presidente Arce seu “firme desejo de responder com a promessa da total disponibilidade da Igreja para trabalhar em conjunto com o Governo de seu país”.

“Peço ao Senhor que nos ajude a cumprir generosamente nosso dever de reparar as injustiças e a ser sempre fiéis à tarefa de proteger aqueles que são os favoritos de Jesus”, conclui.

O presidente Arce agradeceu ao papa no Twitter por sua resposta, “na qual compartilha nossa grande preocupação, indignação e repúdio aos casos de pedofilia” no país.

O chefe de Estado insiste na necessidade de “fortalecer o controle para evitar que padres estrangeiros com antecedentes de crimes sexuais entrem no país”.

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