O governo da Nicarágua, chefiado por Daniel Ortega, ex-líder guerrilheiro de esquerda que soma 30 anos no poder no país, ordenou o bloqueio das contas bancárias de vários padres o paíse, segundo a advogada e pesquisadora nicaraguense Martha Patricia Molina.

Molina, que é a autora do relatório "Nicarágua, uma Igreja perseguida?", denunciou à ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI, que padres de dioceses como Granada, Jinotega, León, Matagalpa e Estelí lhe informaram "sobre o bloqueio de suas contas bancárias" na quarta-feira (14).

“No começo, alguns deles pensaram que o sistema estava fora do ar. Em seguida, foram à agência bancária e foram notificados verbalmente, sem entregar-lhes qualquer documentação, que suas contas estavam sob intervenção”, disse Molina ontem (15).

Para Molina, “esta é mais uma arbitrariedade da ditadura contra a Igreja Católica da Nicarágua” e “é algo que vai ser generalizado para mais padres, inclusive leigos”.

"Embora não tenham sido indiciados no momento do congelamento de suas contas, os padres estão sendo investigados e possivelmente no futuro serão indiciados pelo crime de lavagem de dinheiro, que é o que a polícia está investigando neste momento", disse.

Em 27 de maio, a Polícia Nacional da Nicarágua publicou um comunicado no qual acusava a Igreja Católica de vários crimes, como lavagem de dinheiro, acusação que não teria fundamento, segundo defensores dos direitos humanos.

Molina disse que no dia anterior a essa acusação, o governo ordenou o bloqueio das contas bancárias de várias dioceses e da arquidiocese de Manágua, assim como de escolas paroquiais, casas de formação e paróquias.

Receba as principais de ACI Digital por WhatsApp e Telegram

Está cada vez mais difícil ver notícias católicas nas redes sociais. Inscreva-se hoje mesmo em nossos canais gratuitos:

Nos últimos cinco anos houve ao menos 529 ataques de Ortega contra a Igreja, 90 deles foram cometidos em 2023, segundo o relatório "Nicarágua: uma igreja perseguida?"

Entre os ataques, o documento cita a prisão injusta de dom Rolando Álvarez, desde fevereiro. Também relata 32 religiosas expulsas do país, sete igrejas confiscadas pelo regime e vários meios de comunicação fechados.

Confira também: