O padre e artista Marko Rupnik, acusado de abuso físico e psicológico de várias religiosas, foi expulso da ordem jesuíta neste mês.

A companhia de Jesus disse hoje (15) em um comunicado que Rupnik foi expulso devido à sua “recusa obstinada em observar o voto de obediência”.

Rupnik foi convidado a mudar de comunidade e “aceitar uma nova missão”, diz o comunicado. “Diante da repetida recusa de Marko Rupnik em obedecer a este mandato, infelizmente ficamos com apenas uma solução: demissão da Companhia de Jesus.”

Segundo a lei canônica, Rupnik tem 30 dias para apelar da demissão após receber o decreto ontem (14). Os jesuítas disseram que o decreto foi emitido em 9 de junho.

O padre Johan Verschueren, SJ, superior de Rupnik cujo nome estava na declaração, disse que nenhum outro comentário será feito até que esse período seja concluído.

Em fevereiro, os jesuítas disseram que abriram um novo processo interno contra Rupnik após receber acusações contra ele de fatos ocorridos entre 1985 e 2018. As acusações “altamente credíveis”, disseram eles, incluíam alegações de abuso espiritual, psicológico e sexual e abuso de consciência.

Segundo relatos da mídia nos últimos meses, Rupnik desobedeceu essas e outras ordens, como a orientação de permanecer no centro da Itália e de não participar de atividades públicas.

Segundo informações divulgadas pelo jornal italiano Domani, Rupnik, que também teria sido excomungado por absolver em confissão uma cúmplice de um pecado contra o sexto mandamento, viajou neste mês de junho para a cidade de Mostar, na Bósnia-Herzegovina, e para a ilha de Hvar, na Croácia para projetos de arte.

Em declaração à ACI Prensa, agência em língua espanhola do grupo EWTN, Verschueren, delegado das Casas e Obras Interprovinciais dos Jesuítas em Roma e superior do padre acusado, confirmou a veracidade da informação e observou que essas viagens são “uma grave transgressão das medidas restritivas impostas ao padre Rupnik”.

Rupnik teria visitado a cidade de Mostar como convidado da Ordem Franciscana para o encerramento da reforma da igreja dos Frades Menores de São Pedro e São Paulo, onde funciona o Aletti Center, escola de arte fundada por Rupnik em Roma, encarregando-se de decorar a abóbada e as paredes com afrescos e um grande mosaico de mais de 7,5 mil pés quadrados.

Segundo o jornal Domani, Rupnik também viajou para a Ilha de Hvar para estudar a possível restauração da capela da residência do bispo a pedido de Ranko Vidović, bispo de Hvar-Brač-Vis.

Em janeiro, Verschueren pediu ao padre acusado que não deixasse o centro da Itália para estar disponível “para algumas investigações preliminares em andamento”.

Desde fevereiro, Rupnik está proibido de realizar qualquer obra artística pública, principalmente em relação a estruturas religiosas (como igrejas, instituições, oratórios e capelas e casas de retiro ou espiritualidade).

No Brasil, Rupnik é o responsável pelos mosaicos das fachadas da basílica de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, em aparecida (SP). Apenas uma das quatro fachadas já teve os mosaicos instalados.

Rupnik é autor do livro Segundo o Espírito: a Teologia Espiritual em Caminho com a Igreja do Papa Francisco (em tradução livre) da coleção Teologia do Papa Francisco, publicada pela editora da Santa Sé. 

Confira também: