O governo da Nicarágua se apoderou de um colégio católico na madrugada de segunda-feira (29) e vai expulsar as três freiras estrangeiras da congregação que administra a escola.

Segundo o site Mosaico, a polícia ocupou as instalações do Instituto Técnico Santa Luísa de Marillac, a única escola de ensino médio do município de San Sebastián de Yalí, no departamento de Jinotega.

O colégio, onde estudam cerca de 100 alunas, é administrado pela Congregação das Filhas de Santa Luísa de Marillac no Espírito Santo, fundada em 1992.

“É um colégio pequeno, mas com uma longa história e muito prestígio”, disse ao Mosaico um morador de San Sebastián de Yalí.

Segundo a mídia nicaraguense, os policiais justificaram a tomada do colégio dizendo que deveriam revisar a documentação da escola.

“São aproximadamente seis freiras, incluindo uma idosa cega. Elas são boas, muito solidárias também com os pobres do bairro e nunca tiveram problemas com ninguém, porque são muito de Deus”, diz o morador.

Três das freiras, que são estrangeiras, foram obrigadas a deixar o país nos próximos dias.

Martha Patricia Molina, advogada e pesquisadora nicaraguense que vive no exílio, disse ontem (31) à ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI, que a tomada do colégio seria o passo anterior para sua expropriação pelo governo.

“Nos próximos dias poderemos ver a ordem de confisco do Ministério Público”, alertou.

“Para a ditadura que sempre age arbitrariamente, não é necessário um documento estabelecendo o confisco, porque todas as ações que eles praticam já são lei para eles”, lamentou a autora do relatório “Nicarágua, uma igreja perseguida?”.

O documento relata pelo menos 529 ataques cometidos pelo governo contra católicos nos últimos cinco anos.

Entre outros ataques, o texto denuncia a prisão injusta do bispo de Matagalpa, dom Rolando Álvarez, desde fevereiro. Também cita 32 freiras expulsas do país, sete igrejas confiscadas pelo governo e vários meios de comunicação fechados.

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